Você já se perguntou se falar vários idiomas é reservado para os excepcionalmente talentosos ou para aqueles que aprendem desde uma tenra idade? Neste artigo, vamos revelar uma informação bombástica: o aprendizado de idiomas não é um talento concedido a alguns poucos selecionados; é uma capacidade inata em todos nós. Você pode pensar no processo de aprendizagem de idiomas como decifrar o código que funciona PARA VOCÊ. Este artigo apresentará o conceito de Gramática Universal, uma teoria criada pelo renomado linguista Noam Chomsky. A Gramática Universal postula que a capacidade de adquirir um idioma está embutida em nossa constituição biológica, graças a uma gramática mental inata que está presente em nossos cérebros. Em essência, TODOS nós estamos equipados com as ferramentas necessárias para adquirir novos idiomas. O conhecimento da linguagem é inato a todos os seres humanos. Ainda sobre teorias linguísticas, também exploraremos a Hipótese do Período Crítico, a qual sugere que o aprendizado de idiomas é mais eficaz durante a infância, até a adolescência. Embora alguns possam estender essa ideia como também presente na aquisição de um segundo idioma, sugerimos aqui que as pessoas também podem alcançar fluência de uma língua aprendida já na fase adulta. A Hipótese do Período Crítico, na realidade, se relaciona à aquisição do PRIMEIRO idioma. Portanto, isso não significa que você não pode aprender um segundo idioma proficientemente após certa idade específica. A aprendizagem de um segundo idioma não está relacionada a um período crítico, mas sim ao uso de estratégias corretas e de muita determinação. A importância da exposição e do contato com o idioma é outro aspecto crítico que exploraremos. Independentemente da sua idade, a imersão em um idioma é a chave para o progresso. No entanto, a imersão por si só não é suficiente; sua atitude, valores e seu esforço inabalável são os verdadeiros catalisadores do sucesso. Por fim, desvendaremos os segredos da aprendizagem eficaz de idiomas e desmistificaremos alguns mitos comuns. Forneceremos dicas para que você tenha a sua própria jornada eficaz de aprendizagem de idiomas, independentemente da sua idade ou contexto. No entanto, é importante notar que a chave para o sucesso reside em sua motivação, exposição consistente à língua, implementação de estratégias eficazes e na compreensão de suas necessidades e preferências de aprendizado individuais. Neste artigo, você descobrirá como desbloquear seu potencial linguístico, alcançar seus objetivos e embarcar em uma recompensadora aventura de aprendizado de idioma. Você está pronto para dar o primeiro passo? Em nossa exploração da aquisição de idiomas a partir de uma perspectiva biológica, adotaremos uma abordagem linguística. Começaremos com a teoria linguística conhecida como Gramática Universal, uma teoria pioneira do renomado linguista Noam Chomsky. A Gramática Universal postula a existência de uma gramática mental única aninhada em nossos cérebros, frequentemente chamada de "dispositivo de aquisição de linguagem" (DAL)¹. Este compartimento é o que distingue os seres humanos do restante do reino animal, dotando-nos de uma predisposição biológica para dominar e aprender um idioma. É uma característica excepcional incorporada em nosso ser, sem a qual a arte da aprendizagem de idiomas permaneceria além de nosso alcance. Por que isso importa no contexto da aquisição de um segundo idioma? A importância da Gramática Universal está no fato de que existem um conjunto de princípios universais que sustentam todos os idiomas, embora estes se manifestem de maneira diferente em cada um. O que isso significa é que se você já dominou sua língua materna, você essencialmente já aperfeiçoou as ferramentas essenciais para abraçar um segundo idioma. Sua capacidade inata de aprender qualquer idioma deriva dessa base compartilhada dos princípios universais. No entanto, existem outras teorias sobre a aquisição de idiomas, incluindo a Hipótese do Período Crítico, que sugere uma janela de oportunidade limitada para aprender o primeiro idioma desde a infância até a puberdade. Embora algumas pessoas tenham estendido essa ideia para a aquisição de um segundo idioma, desmistificaremos o equívoco comum de que os adultos estão restritos por esse período crítico. Na realidade, os adultos podem alcançar fluência em um idioma estrangeiro, mesmo além desse limite temporal, e há pesquisas que sustentam esse fato. O caminho para a maestria da linguagem é marcado por suas próprias variáveis únicas, independentemente da idade. Independentemente da sua idade, a aquisição bem-sucedida de um idioma depende de sua imersão no idioma e de como você o utiliza. No cerne da aprendizagem de idiomas está o papel vital desempenhado pela exposição ao idioma. É um princípio universalmente aplicável, independentemente da idade, e é o alicerce sobre o qual a aquisição de idiomas se baseia. A exposição a um idioma é essencial, mas não é suficiente por si só. Suas atitudes e valores entram em jogo, moldando sua jornada de aprendizado de idiomas. O esforço que você investe em seu aprendizado determina sua capacidade de absorver, compreender, imitar e, em última análise, usar o vocabulário e as estruturas gramaticais complexas do ambiente linguístico em que está imerso. Agora, a questão ardente emerge: é necessário um ambiente totalmente imersivo para aprender um idioma? A resposta, como se constata, é não. A imersão absoluta e constante não é um requisito. No entanto, a exposição contínua ao idioma sem dúvida acelera o processo de aprendizado. Isso cria um ambiente em que você é compelido a se envolver com o idioma, e essa imersão é, de fato, um poderoso catalisador para a aquisição de idiomas. Dito isso, não desanime se você não puder morar em um país onde o idioma que você deseja aprender é falado. A realidade é que você pode alcançar fluência no idioma, mesmo sem essa oportunidade. Você deve estar se perguntando: Como? Antes de revelarmos como fazer isso, vamos primeiro desmistificar alguns mitos comuns sobre o aprendizado de idiomas. Um mito comum sobre o aprendizado de idiomas gira em torno da ideia de que apenas algumas pessoas sortudas possuem um dom genético inato para aprender idiomas. A verdade é que TODOS têm essa capacidade inata para aprender idiomas! A destreza linguística não está gravada no DNA de ninguém. É menos sobre dotação genética e mais sobre sua determinação e eficácia na abordagem de aprendizado. Embora seja verdade que algumas pessoas exibam uma aptidão mais alta para aprender idiomas, isso não é uma vantagem inata. Pelo contrário, esta aptidão pode ser atribuída ao que é conhecido como "teste de aptidão linguística". As habilidades avaliadas neste teste incluem a capacidade de processar e lembrar novos sons, fazer associações, aprender e analisar padrões e lidar com uma riqueza de informações simultaneamente. Crucialmente, essas habilidades não são dádivas inatas; elas podem ser desenvolvidas por qualquer um, até mesmo por meio do estudo de idiomas. No que diz respeito à aquisição de idiomas, há um segundo mito disseminado que gostaríamos de abordar: a crença de que as crianças possuem uma vantagem inerente sobre os adultos na aprendizagem de idiomas. Essa noção não é completamente verdadeira. Na verdade, crianças e adultos têm resultados semelhantes no processo de aquisição de idiomas, embora com algumas diferenças-chave. Para começar, os adultos têm certas vantagens sobre as crianças quando se trata de aprender idiomas. Seu desenvolvimento cognitivo tende a ser mais avançado, resultando em uma capacidade aprimorada de resolução de problemas e pensamento crítico. Esse desenvolvimento cognitivo não apenas auxilia na aprendizagem de idiomas, mas também se estende à aquisição de conhecimento em geral. Em essência, o processamento de informações mentais leva à geração de conhecimento. Além disso, os adultos muitas vezes exibem uma motivação intrínseca mais forte para aprender um novo idioma, impulsionada por aspirações de carreira ou interesses pessoais. Eles podem definir metas claras de aprendizado de idiomas e trabalhar diligentemente para alcançá-las. A autonomia é outra vantagem dos adultos; eles podem adaptar seus métodos de aprendizado para atender às suas necessidades e preferências específicas. Além disso, os adultos têm o benefício da experiência linguística, uma vez que já são proficientes em seu idioma nativo e podem compreender conceitos linguísticos complexos, como gramática e sintaxe. Além disso, ao aprender um segundo idioma, os adultos têm a possibilidade de fazer comparações e conexões entre o idioma aprendido e seu idioma nativo, o que é extremamente útil para o processo de aprendizado. O cérebro adulto é excelente em compreender regras gramaticais complexas e estruturas lógicas, enquanto as crianças tendem a cometer mais erros nesse aspecto. Além disso, os adultos costumam ter um entendimento mais sólido das nuances culturais na aprendizagem de idiomas, área em que as crianças podem enfrentar dificuldades. Por outro lado, as crianças possuem pontos fortes distintos em certos aspectos da aquisição de idiomas. Seus cérebros jovens e maleáveis as tornam hábeis em memorização e pronúncia. Elas têm uma capacidade inata de absorver informações, muitas vezes inconscientemente. As crianças geralmente têm mais tempo e menos responsabilidades, como contas a pagar e compromissos de trabalho, o que lhes permite dedicar muito tempo à aprendizagem de idiomas. Além disso, elas tendem a ter menos inibições, o que as torna destemidas em cometer erros e aprender com eles. Confiança e a disposição a aprender com os próprios erros são aspectos críticos do processo de aprendizado de idiomas, aspectos estes em que as crianças se destacam. Além disso, crianças pequenas têm uma maior aptidão quando se trata de aprender e adquirir corretamente os sons do idioma (fonemas), o que lhes permite desenvolver uma pronúncia nativa com mais facilidade. Enfim, a eficácia da aprendizagem de idiomas varia de pessoa para pessoa. Tanto adultos quanto crianças trazem seu próprio conjunto único de vantagens e desvantagens para a mesa. O sucesso na aquisição de idiomas depende da motivação, exposição, estratégias eficazes de aprendizado e do reconhecimento e adaptação de diferenças individuais. Com o entendimento de que todos têm o potencial para dominar um novo idioma e de que a abordagem pode ser diferente entre crianças e adultos, a pergunta que vale milhões permanece: Como embarcar em sua jornada de aprendizado de idiomas? Em primeiro lugar, você precisa de um objetivo claro. Qual é sua motivação para aprender um novo idioma? É para melhorar suas experiências de viagem, abrir portas para novas oportunidades de carreira ou apreciar filmes, séries e livros estrangeiros em sua língua original? Identificar seu objetivo é a ignição que alimenta seu motor de aprendizado de idiomas. Como aprender um idioma não é tarefa fácil, manter uma motivação inabalável é fundamental. Agora, a próxima peça do quebra-cabeça é criar um plano de estudo eficaz. A aprendizagem de idiomas exige estrutura; você não pode simplesmente entrar casualmente neste trem e esperar a fluência surgir do nada. Seu plano de estudo deve abranger todos os aspectos do idioma: gramática, escuta, fala e escrita. Se você está começando do zero, é aconselhável evitar a gramática muito complexa no início. Em vez disso, concentre-se em compreender a gramática fundamental do idioma enquanto desenvolve seu vocabulário e sua familiaridade com o ritmo e a entonação do idioma (escutando pessoas falando a língua). Os aspectos intricados da gramática podem esperar até que você tenha desenvolvido um entendimento e uma familiaridade mais profundos do idioma. A seguir vem a imersão, uma técnica frequentemente considerada a mais eficaz, mas que não necessariamente envolve se mudar para um país estrangeiro. Afinal, nem todos podem ter esse luxo. No entanto, você pode se imergir no idioma sem sair de casa. Muitos entusiastas de idiomas alcançaram fluência sem colocar os pés no país onde o idioma-alvo é falado. Como? Tudo se resume à frequência e consistência. A escuta passiva é uma técnica poderosa, envolvendo a reprodução do idioma ao fundo enquanto você realiza suas tarefas diárias. Quer você esteja cozinhando, trabalhando ou se deslocando pela cidade, ouvir um podcast ou música em seu idioma-alvo fornece um fluxo constante de prática da língua. Mas não pare na escuta passiva. A escuta ativa também é crucial. Dedique tempo para entender o que você ouve, buscando clareza em palavras ou frases desconhecidas. Para os momentos em que a compreensão vacila, anote as partes desafiadoras e retorne a elas mais tarde para uma compreensão mais profunda. A consistência é o alicerce inabalável da aprendizagem de idiomas. A exposição irregular e esporádica simplesmente não será suficiente. Além disso, considere o poder de pensar no idioma que está aprendendo ou até mesmo falar consigo mesmo no idioma-alvo. Pensar em seu idioma nativo e traduzir mentalmente pode ser complicado, já que as traduções nem sempre se alinham perfeitamente com o idioma-alvo. Em vez disso, mergulhe no pensamento no idioma-alvo, mesmo se à princípio você não consegue formar muitas coisas, fomentando fluência e confiança. Um aspecto importante do processo de aprendizagem é escolher tópicos que despertem seu interesse. Sua jornada de aprendizado de idiomas deve ser agradável e envolvente, não uma tarefa árdua. Além disso, observe e imite falantes nativos. Essa técnica fornece informações valiosas sobre entonação, gíria, pronúncia e muito mais. A repetição é sua melhor amiga; relembre o que você aprendeu para consolidar seu conhecimento. Embora recursos de aprendizado, como Duolingo, FluentU, Quizlet e Lingvist possam ser ótimos, não dependa apenas deles. Um tutor ou professor de idiomas pode atuar como guia, mas também não deve ser sua única fonte de entrada. Plataformas como italki, Verbal Alphabet e Unbounded Education também oferecem recursos valiosos para o aprendizado de idiomas. E, se você estiver ansioso para conversar com falantes nativos interessados em aprender seu idioma nativo em troca, considere plataformas como HelloTalk e Tandem.
Então, aqui está: um roteiro completo para a aprendizagem eficaz de idiomas. Seja você uma criança ou um adulto, a chave para o sucesso está em sua motivação, exposição consistente, estratégias de aprendizado eficazes e na compreensão e adaptação de suas necessidades e preferências de aprendizado únicas. Por fim, este artigo mergulhou fundo no fascinante mundo da aquisição de idiomas. Exploramos os intrincados mecanismos biológicos por trás da aprendizagem de idiomas, e o conceito da Gramática Universal iluminou o fato de que a capacidade de aprender idiomas é inata em todos nós. Navegamos pelo cenário da Hipótese do Período Crítico, derrubando as fronteiras que uma vez limitaram a aquisição de idiomas à infância e à adolescência. Além disso, desmistificamos dois mitos comuns: a crença de que apenas certas pessoas possuem um dom inato para os idiomas e a ideia de que as crianças possuem uma vantagem exclusiva. Crianças e adultos têm cada um suas vantagens e desafios próprios. À medida que você se prepara para embarcar em sua jornada de aprendizado de idiomas, lembre-se disso: seu potencial para dominar um novo idioma não é limitado pela sua idade ou origem. Ele é definido por sua motivação, exposição consistente, estratégias eficazes e sua capacidade de entender e se adaptar ao seu processo de aprendizado único. Armado com essas ferramentas, você está pronto para desbloquear seu potencial linguístico, alcançar seus objetivos de aprendizado de idiomas e embarcar em uma aventura de aprendizado de idiomas gratificante. Mas a jornada não precisa ser solitária. Se você deseja potencializar sua experiência de aprendizado de idiomas, convidamos você a considerar a Unbounded Education. Nossa plataforma foi projetada para apoiar e aprimorar sua jornada de aprendizado de idiomas com uma comunidade de colegas aprendizes, recursos especializados e uma abordagem personalizada que atende às suas necessidades individuais. Então, você está pronto(a) para dar o primeiro passo em sua aventura de aprendizado de idiomas com a Unbounded Education? Seu caminho para a maestria da linguagem o/a aguarda! REFERÊNCIAS 1 CHOMSKY, N. (1986) “Knowledge of language: It's nature, origin and use. New York: Praeger. SMITH, G.; TAGARELLI, K. (2022) “Are some people just good at learning new languages?” Mango Languages. Avilable here WHITE, L. (1998) “Universal grammar in second language acquisition: The nature of interlanguage representation”. McGill University. Available here BIRKNER, V. (2015) “Universal grammar plays a major role in second language acquisition”. Humanising Language Teaching, issue 1. VANHOVE, J. (2013) “The Critical Period Hypothesis in second language acquisition: A statistical critique and a reanalysis. DOI: 10.1371/journal.pone.0069172 CARROLL, S. (2015) “Exposure and input in bilingual development”. Cambridge University Press. MORIN, A. (2020) “Why cognitive skill milestones are important”. Verywell family. Available here KURTS, C. (2023) “The most effective language learning strategies”. Mango Languages. O’NEILL, E. (n/d) ”Adults are better at learning languages than children—and here’s why”. UK Language Project. Available here Escrito por Grisel Bennett
Editado por: Aglaia Ruffino Jalles da unboundededu.com A educação é uma jornada compartilhada, em que escolas e famílias desempenham papéis complementares e fundamentais. Quando essas duas partes trabalham juntas em harmonia, os benefícios para os alunos são imensuráveis. Neste post, explicarei a importância da parceria entre escola e família e como ela pode contribuir para o sucesso acadêmico e pessoal das crianças. A escola é um ambiente complexo, com normas, expectativas e desafios únicos. A parceria entre escola e família permite que os pais ou cuidadores compreendam melhor esse ambiente. Através da participação em reuniões escolares, interação com os professores, com a equipe administrativa e os programas de ensino, é criada uma base sólida para o apoio às crianças em casa. A transição para o ambiente escolar pode ser desafiadora emocionalmente para os alunos (sobretudo os mais novos) e a presença e o apoio dos pais ou cuidadores podem ajudar a tornar esse momento mais suave. Quando a escola e a família trabalham juntas para criar um ambiente acolhedor e encorajador, os alunos se sentem mais seguros e confiantes. Uma relação de cooperação entre escola e família pode ser uma ferramenta poderosa para o reforço da aprendizagem. Não se trata apenas de acompanhar os progressos acadêmicos, e sim sobre o envolvimento ativo dos pais ou cuidadores na vida escolar de seus filhos: participar de eventos escolares, auxiliar nas atividades de lição de casa, leitura com seus filhos, promover o acesso a recursos educacionais adicionais, apoiar atividades extracurriculares e estar presente nos momentos importantes da jornada educacional. Isso não apenas aperfeiçoa o desempenho acadêmico, mas também reforça o valor da educação. Somado a isso, a comunicação aberta e constante entre o meio familiar e o educacional é fundamental, visto que permite que os pais ou cuidadores tenham conhecimento do progresso acadêmico e comportamental de seus filhos. Ademais, quando em contato próximo, os professores podem obter insights valiosos sobre as necessidades individuais dos alunos para adaptar sua abordagem pedagógica de maneira mais efetiva. Enfim, a parceria entre escola e famílias é um pilar fundamental para uma educação de qualidade e exitosa. Quando ambos os lados se unem em prol do bem-estar e do sucesso dos alunos, os resultados são incríveis. Portanto, devemos incentivar todas as escolas e famílias a abraçarem essa parceria e a colherem os frutos de uma educação verdadeiramente enriquecedora. Escrito por Cristina Ruffino A terapia dialógica é uma abordagem terapêutica que enfatiza o diálogo como meio central de engajamento e transformação. Ela se baseia na ideia de que a linguagem e a conversa não são apenas ferramentas para descrever a realidade, mas também meios pelos quais construímos e co-criamos nossa realidade.
Ao contrário de abordagens terapêuticas que podem se concentrar em técnicas específicas ou interpretações do terapeuta, a terapia dialógica coloca o diálogo no centro do processo terapêutico. O diálogo é visto como um espaço onde terapeuta e cliente co-construem significados e exploram novas perspectivas. Entendendo que novos significados podem produzir novas emoções e posicionamentos. A terapia dialógica opera sob a premissa de que a realidade é co-construída através da linguagem. Isso significa que as narrativas e histórias que contamos sobre nós mesmos e nossas vidas não são fixas, mas podem ser reformuladas e recontadas através do diálogo. Cada narrativa destaca determinados eventos e obscurece outros, e é justamente na dança de figura e fundo que a conversa estimula nas nossas narrativas que produzimos mudanças. Ao explorar e recontar histórias, ao questionar e redefinir narrativas, os clientes podem encontrar novas maneiras de entender e se relacionar com suas experiências. Tanto o terapeuta quanto o cliente são encorajados a adotar uma postura reflexiva. Isso significa que eles estão constantemente refletindo sobre o que está sendo dito, como está sendo dito e o impacto dessas palavras. Também prestamos atenção ao que é “dito” com os silêncios, hesitações, gestos e movimentos. A terapia dialógica vê a relação terapeuta-cliente como uma parceria colaborativa. Ambos são vistos como especialistas - o cliente é o especialista em sua própria vida e experiências, enquanto o terapeuta traz conhecimento e habilidades terapêuticas. É o cliente quem informa ao terapeuta sobre a versão de si na qual se sente mais integrado e pleno. As principais influências teóricas à terapia dialógica é Bakhtin sobre dialogismo, bem como abordagens pós-estruturalistas e construcionistas sociais da linguagem e da realidade. Escrito por Cristina Ruffino Daniel Siegel, psiquiatra e neurocientista especialista no desenvolvimento dos processos neurobiológicos, destaca alguns pontos fundamentais quando consideramos o desenvolvimento da criança:
O convite é repensar a importância desses fatores na promoção de um crescimento cerebral ótimo, ressaltando a necessidade de um ambiente rico, seguro e afetivamente envolvente para assegurar um desenvolvimento saudável e integral das crianças.
Se passearmos pelas publicações referentes ao tema ou pelos conselhos de “especialistas” (o que é ser especialista quando se trata de relações humanas?!!), vamos encontrar muitas sugestões e conselhos. Eu particularmente, trabalhando com casais há 2 décadas, não tenho nenhum conselho, mas tenho curiosidades: o que uniu o casal? Quais foram os valores que os aproximaram? O que cada um vislumbrava da vida a dois que em algum momento considerou que o outro tinha a oferecer? Quais foram os desafios com os quais lidaram bem? De que forma cada um deles contribuiu?
Na medida em que eu puder conhecê-los e eles se reconhecerem, construimos o caminho para ouvirmos o que foi mudando em cada um e o que mudou no relacionamento? Quem foi percebendo? De que forma percebeu? Que nome foi dando para “aquilo” que viu como mudança/ chatice/ desconexão/ prisão, ou seja lá que nome vier? Isso assustou? Surpreendeu? O que fez com essa percepção? Teve vontade de dividir com o outro? Se não o fez, sabe o que levou a não fazer? Se alguém não percebeu, soube que o outro percebia? O que fez com isso? O que ajudou o relacionamento a fazer com isso? Percebia outra coisa neste período? Como era? Com quem compartilhava? Com isso nos aproximamos da traição, que pode ou não se tornar uma tema da conversa, trazendo conosco quem somos (fomos?) ao longo da relação. Assim, não ouviremos de forma solitária, descontextualizada. As escutas se tornam diferentes? Na minha experiência, sim. Enfim, a traição pode ser uma oportunidade de explorar e revisitar os movimentos de mudanças na vida de cada um e do casal, que muitas vezes passaram despercebidos. Uma oportunidade para se reconectar consigo e com o relacionamento distinguindo se há necessidades não atendidas e quais são elas. Tanto de cada um, quanto do relacionamento. Na traição nem sempre é apenas sexo que está em jogo. Pode ser a busca de conexão, de emoção, de autonomia, de angústias indistintas. Como podemos passar a distingui-las daqui para frente? Se o casal resolver seguir juntos – e, na minha experiência, muitos decidem – então também precisaremos explorar a sexualidade e a intimidade. Precisaremos olhar juntos para as crenças e suposições antigas: o que pensavam já saber do outro e de si mesmo. Que saberes precisaremos/ desejaremos atualizar? Não é fácil conversar sobre estas coisas, mas se eles chegam na terapia e desejam seguir em frente, estaremos juntos e meu papel será ajuda-los a se ouvirem, a expressarem suas emoções, receios, mágoas e preocupações de forma sincera e respeitosa. Muitas vezes, o casal esteve junto há 10, 20, 30 anos e nunca exercitou conversas onde a comunicação autêntica e o respeito estiveram juntos – ou seja, posso dizer tudo, mas não de qualquer jeito. Como podemos olhar para isso de forma segura? Que novos acordos são necessários? Quais outras narrativas sobre o que é possível, desejável, bom na vida sexual serão possíveis? Quais narrativas contribuirão para construírem uma intimidade e conexão emocional onde caiba os dois? Isso tudo se aplica apenas a possíveis imaginárias com um casal hipotético, já que na vida real, cada casal é único e cada conversa, inédita e inacabada de uma maneira única. Escrito por Cristina Ruffino No livro "Transformação da Intimidade: Sexualidade, Amor e Erotismo nas Sociedades Modernas", Anthony Giddens discute as mudanças na esfera íntima das relações humanas, especialmente em relação à sexualidade, amor e erotismo, decorrentes das transformações sociais e culturais da modernidade tardia.
Giddens argumenta que, na sociedade moderna, houve uma separação da sexualidade do contexto estritamente reprodutivo, o sexo tornou-se cada vez mais relacionado a prazer, satisfação pessoal, intimidade, conexão, curiosidade, domínio, do que a ideia de filhos. Ao mesmo tempo, com as famílias se tornando menores, e a coabitação mais restrita, há uma importância crescente das relações emocionais entre o casal. As relações íntimas baseadas no amor e na emoção tornaram-se centrais, substituindo em certa medida as relações tradicionais e institucionalizadas, como o casamento arranjado ou a companhia fraterna e de toda a família estendida. Sem um julgamento de valor se é melhor ou pior, simplesmente é. A pergunta é como queremos lidar com isso? Que consequências tem para o mundo no qual vivemos fazermos uma escolha ou outra? As mudanças nas identidades sexuais e de gênero nas sociedades modernas também contribuem para transformação do que antes se dava como certo em termos de intimidade. A crescente aceitação e reconhecimento das diferentes identidades sexuais e de gênero, o desafio às normas tradicionais de masculinidade e feminilidade, o questionamento da monogamia como certa e necessária, tudo isso nos convida a revisitar nossas crenças. Como a cultura atual reforça a ideia de individualização das escolhas e práticas sexuais, as pessoas são encorajadas a buscar satisfação individual e a construir sua própria identidade sexual, longe das restrições sociais e morais do passado. Isso, certamente, nos convida a olhar para o relacionamento como algo vivo e como tal, dar importância ao gerenciamento do risco nas relações, já que um papel não as garante mais. Aumenta a consciência da necessidade de construir confiança em seus relacionamentos e lidar com a incerteza e os riscos emocionais envolvidos. Isso é libertador em certo sentido para alguns e angustiante para outros, ou para a mesma pessoa pode ser as duas coisas em diferentes momentos. De que forma as ideias de Giddens nos ajudam a olhar para os casais atuais? O que se torna cada vez mais relevante ser desenvolvido e implementado nos relacionamentos? Creio que podemos destacar:
Claro que cada relacionamento é único, e é importante adaptar essas ideias de acordo com as circunstâncias específicas e as necessidades individuais de cada casal. A comunicação aberta, a empatia e o compromisso são elementos-chave na promoção da saúde do relacionamento. Escrito por Cristina Ruffino O termo ghosting tem sido usado quando uma pessoa desaparece abruptamente e sem explicação de um relacionamento, como um “fantasma”. Claro que não é um comportamento novo. É um comportamento que aparece sobretudo em relacionamentos afetivos ou de amizade.
Imagine que você vem conversando ou saindo com alguém e de repente essa pessoa simplesmente desaparece sem dar qualquer explicação. Ela para de responder suas mensagens, não atende suas ligações e não dá nenhum sinal de vida. Você fica confuso, sem entender o que aconteceu e por que essa pessoa decidiu simplesmente se afastar sem aviso prévio. Para algumas pessoas o ghosting produz um impacto emocional negativo, levando a pessoa que está sendo "ignorada" a pensar que foi a responsável, que aquilo é fruto de sua inadequação, falta de atrativos ou inabilidades. A ausência de uma explicação ou de um encerramento adequado pode deixar a pessoa que foi "ghosteada" sem respostas e sem a chance de expressar seus sentimentos ou buscar algum tipo de entendimento. Muitas vezes a pessoa se sente culpada e confusa por algo que, na verdade, diz mais de quem pratica o ghosting do que de quem o recebe. É importante destacar que o ghosting não é uma prática saudável nem ética nas relações interpessoais. É uma forma de evitar uma conversa direta e/ou a responsabilidade emocional, deixando a outra pessoa no escuro e sem qualquer chance de diálogo ou resolução. Se você se encontra em uma situação em que tenha sido "ghosteado", é importante cuidar de si mesmo, buscar apoio emocional em amigos e familiares e tentar seguir em frente, mesmo sem respostas claras – mesmo porque, que clareza imagina que poderia te oferecer aquele que se faz de fantasma? A inadequação, a imaturidade, a incapacidade é de quem sumiu, não sua. Escrito por Cristina Ruffino No livro Self Comes to Mind: Constructing the Conscious Mind, António Damásio, neurocientista da Universidade da Califórnia, aborda o tema da consciência e a formação do eu consciente. Alguns dos aspectos abordados que são instigantes, são:
1. A importância da narrativa pessoal: O autor destaca a importância das histórias que contamos a nós mesmos sobre nossas vidas na construção do eu consciente. Ele explora como a narrativa pessoal é fundamental para a nossa identidade e como molda nossa compreensão do mundo. 2. A relação entre mente e corpo: Damásio destaca como as experiências físicas e emocionais influenciam a construção da consciência, onde mente e corpo formam um todo integrado. 3. A importância das emoções: Enfatiza o papel central das emoções na construção da consciência. Ele descreve como as emoções surgem a partir das respostas automáticas do organismo a estímulos, e como essas respostas influenciam a tomada de decisões e a formação do senso de self. Há uma distinção entre emoção (neurofisiológicas) e sentimentos (permeadas pelo contexto cultural e os sentidos atribuídos pelo meio) que vale a pena observar. 4. O papel do cérebro na consciência: Damásio explora as complexidades do cérebro e sua relação com a consciência, bem como da influência da neuroquímica na percepção de si e do entorno. Ele discute como a integração de diferentes regiões cerebrais é essencial para a formação da experiência consciente. 5. A evolução da consciência: Investiga a evolução da consciência ao longo da história humana e como ela está relacionada à nossa capacidade de construir modelos mentais e antecipar o futuro. Ele discute como a consciência evoluiu como uma adaptação que nos permite agir de maneira mais flexível e adaptativa no mundo. Escrito por Cristina Ruffino Os clientes vão fazendo referência, perguntando, trazendo nomes e definições do que ouvem, leem e assistem.
Firedooring é um termo recente que surgiu no contexto dos relacionamentos e se refere a um padrão comportamental em que uma pessoa mantém controle e poder na relação, mantendo o outro indivíduo como uma opção disponível apenas quando lhe convém. É como se essa pessoa mantivesse o outro "na porta dos fundos", disponível apenas para momentos de conveniência ou interesse pessoal, enquanto não oferece um compromisso real ou reciprocidade emocional. O termo "firedooring" faz uma analogia à porta corta-fogo (fire door, em inglês), que é mantida fechada e só é aberta em caso de emergência. Da mesma forma, a pessoa que pratica o firedooring mantém o outro à margem da relação, sem oferecer um envolvimento emocional pleno ou compromisso genuíno. Esse padrão comportamental pode se manifestar de diferentes maneiras, como por exemplo:
Esse comportamento pode ser prejudicial para a pessoa que está sendo "firedoorada", causando confusão, insegurança emocional e um sentimento de desvalorização. O firedooring pode gerar um ciclo vicioso em que a pessoa que sofre com esse comportamento fica presa em uma relação desigual, buscando constantemente a aprovação e atenção do outro, enquanto tem suas necessidades e sentimentos ignorados. Colocado desta forma como apresentei (que é a forma como vem sendo tratado na literatura e pelos profissionais que lidam com relacionamentos amorosos), fica parecendo que tem uma pessoa que é o firedooring e uma que é da firedoorada, ou seja, que a característica está na pessoa. É importante salientar aqui, que não se trata de algo que alguém é, se trata de uma forma como a relação (aquela relação) foi construída e vem funcionando. Ai alguém pergunta: “a quem cabe mudar?” - Aquele que se der conta que este funcionamento não está sendo salutar. “Mas como eu mudo o outro?” – Você não muda o outro, você muda a você e mudando a você mesmo o relacionamento se transformará. “E se o outro não quiser mudar?”, a resposta a essa pergunta seria uma outra pergunta: “porque você continuaria numa relação em que o outro da relação a deseja desigual?”. Escrito por Cristina Ruffino O sociólogo Zygmunt Bauman faz uma análise crítica uma da sociedade contemporânea e de suas influências nos relacionamentos, criando a
metáfora “amor líquido” para descrever os padrões de relacionamentos amorosos na sociedade atual. Para ele, a contemporaneidade vem transformando as relações, incluindo a relação amorosa. Segundo ele, o amor líquido é caracterizado pela fragilidade, pela falta de compromisso duradouro e pela busca constante por novas experiências e conexões. Os relacionamentos amorosos estão sendo permeados por ideias e expectativas de fragilidade e descartabilidade, ou seja, são frequentemente vistos como descartáveis e facilmente substituíveis. As pessoas lidam com as relações como mais fluidas e passageiras, sem depositar nela compromissos de longo prazo. Tratam assim a relação e consequentemente, a sentem como frágil, como se pudessem ser a qualquer momento serem substituídas (e substituir) por outras opções mais atraentes. Como o compromisso é frágil, o individualismo se torna preponderante. O foco é colocado nas necessidades e desejos individuais. Os relacionamentos são vistos como uma forma de satisfação pessoal e autodescoberta. Isso pode levar a uma mentalidade de busca constante pela pessoa perfeita, em vez de investir em construir relações sólidas e duradouras. Se o foco está em si e não no relacionamento, as pessoas têm dificuldade em estabelecer intimidade emocional profunda e duradoura. A ideia de compromisso a longo prazo pode parecer restritiva, sufocante, limitadora. Ao mesmo tempo em que aumenta a autonomia dentro dos relacionamentos (o que pode trazer benefícios), também aumenta a sensação de insegurança e ansiedade, já que há falta de compromisso, gerando a sensação de instabilidade e inquietação emocional. As formas de se relacionar não existem fora de uma cultura situada no tempo e no espaço, ou seja, com história e geografia definidas. Se estamos em uma cultura do consumo e do descarte, as relações tendem a traduzir e refletir essa mentalidade. As pessoas são incentivadas a buscar a satisfação imediata de seus desejos e os relacionamentos são vistos como produtos a serem consumidos e descartados quando não atenderem mais às expectativas. Relacionamentos são feitos pelas pessoas que os habitam. Portanto, são construídos pelo par (ou pares, no caso de poliamor) que estão envolvidos. A pergunta que se pode fazer é: é a esse tipo de relacionamento que eu desejo me dedicar? Se não é esse, como posso construir algo diferente a partir das minhas ações? Que conversas proponho? O que de mim ofereço? Escrito por Cristina Ruffino No trabalho como terapeuta de casais, tenho notado que as questões trazidas por casais heterossexuais, bissexuais e transgêneros têm algumas semelhanças, mas também diferenças importantes. Entendo ser fundamental reconhecer e respeitar essas diferenças para fornecer o apoio adequado a cada casal. Vamos explorar algumas áreas-chave em que encontramos tanto similaridades quanto diferenças. 1. Comunicação e conflitos: Todos os casais, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero, podem enfrentar desafios na comunicação e resolução de conflitos em seus relacionamentos. Questões como falta de comunicação efetiva, dificuldades na escuta e diferentes formas de expressar afeto podem estar presentes. 2. Se perderem em ciclos de vulnerabilidades: Independentemente do gênero ou da orientação sexual, os casais podem experimentar um ciclo de vulnerabilidade em que interações negativas e desequilíbrios emocionais se repetem. Isso ocorre quando um parceiro ativa comportamentos e emoções negativas, desencadeando uma resposta negativa do outro parceiro, criando um ciclo de negatividade e vulnerabilidade. É importante compreender e interromper esse ciclo durante a terapia de casal, buscando estabelecer padrões mais saudáveis de comunicação e resolução de conflitos. 3. Aceitação e discriminação: Casais LGBTQ+ podem enfrentar desafios adicionais relacionados à aceitação e discriminação. Casais homo, bi e transgêneros, muitas vezes na nossa sociedade, lidam com a falta de compreensão e aceitação, tanto dentro da família quanto na sociedade em geral. Eles podem enfrentar preconceito, estigma e discriminação com base em sua identidade de gênero ou orientação sexual. 4. Identidade de gênero e orientação sexual: A identidade de gênero e a orientação sexual são aspectos importantes na vida dos casais LGBTQ+. Casais bissexuais podem enfrentar desafios específicos, como a invisibilidade bissexual e a falta de compreensão por parte de outras pessoas. Já os casais transgêneros podem lidar com questões relacionadas à transição de gênero, incluindo o processo de afirmação de gênero, o suporte emocional e a adaptação às mudanças na dinâmica do relacionamento. 5. Apoio social e familiar: O apoio social e familiar pode variar entre casais com diferentes formações. Na nossa sociedade atual, casais heterossexuais geralmente têm uma estrutura social mais tradicionalmente aceita e podem enfrentar menos desafios em termos de apoio externo. Já os casais bissexuais e transgêneros podem encontrar diferentes reações familiares e sociais. Quando a rede social não provê o apoio para o casal, as necessidades, conflitos e acolhimento nas horas difíceis vai requerer do casal muito mais atenção e recursos de regulação. A terapia de casal pode ajudar a melhorar a comunicação e fornecer ferramentas para lidar com os conflitos, independentemente da orientação sexual ou identidade de gênero. Também colabora na identificação dos padrões de negatividade que o casal pode entrar desavisadamente e ajuda a identificar formas do casal interromper o ciclo de forma produtiva. Para os casais homo, bi e trans, além do que é feito com os demais casais, também se torna fundamental identificar com os parceiros quais são os recursos que cada um usa individualmente e que eles podem usar como casal para navegar nesse contexto adversarial da nossa sociedade, fornecendo apoio emocional, ajudando a lidar com o estresse e desenvolvendo estratégias de enfrentamento. (*) A nomenclatura de gênero está em constante evolução e pode variar dependendo do contexto e da cultura. Aqui estou usando aqueles que mais comumente me chegam no consultório. Acredito que mais do que definir conceitos universais, o importante é respeitar e utilizar os termos preferidos pelas próprias pessoas envolvidas ao se referir às suas identidades de gênero, pois estes termos refletem a individualidade das experiências das pessoas, e no caso, dos casais. Escrito por Cristina Ruffino Um cliente chega me dizendo: “Dra, eu tenho Síndrome de Normose. Vou ser sempre assim?".
Vamos pensar juntos nos efeitos de receber essa denominação ou “diagnóstico”? Para isso teremos que pensar no que tem sido chamado de Síndrome de Normose. Que mal é esse? Somos constantemente bombardeados com informações e expectativas de como devemos viver, o que devemos alcançar e como devemos nos sentir. Em meio a essa pressão social, surgiu esse fenômeno que foi ganhando o nome de normose, e que se caracteriza como uma síndrome pelo excesso de conformidade e busca desenfreada pela normalidade. A normose pode ser entendida como uma busca obsessiva pela normalidade, onde indivíduos se esforçam para se enquadrar nos padrões estabelecidos pela sociedade, mesmo que isso signifique abrir mão de suas próprias necessidades e desejos. Tem sido definida como uma síndrome que se manifesta em diferentes áreas da vida, incluindo trabalho, relacionamentos, aparência física, estilo de vida, entre outros. Algumas das características de nossa sociedade atual podem ser desencadeadoras desta pressão vivenciada pelas pessoas. A comparação constante, alimentada pelas redes sociais, onde as pessoas expõem suas vidas "perfeitas". A expectativas dos “likes” e comentários como uma avaliação e aprovação dos outros, criando uma pressão para se encaixar em um molde pré-estabelecido. A mídia também desempenha um papel significativo na promoção da normose. Propagandas, programas, reality shows e aplicativos nos bombardeiam com mensagens de que devemos ter determinado corpo, roupas, carreira e relacionamentos para sermos aceitos e felizes. Essa pressão constante reforça a ideia de que qualquer desvio desses padrões é indesejável. Pode-se imaginar que a pessoa que se deixa invadir por essa pressão estará constantemente sob estresse e ansiedade, tentando atender às expectativas externas. Isso pode levar ao esgotamento emocional, problemas de sono, distúrbios alimentares e até mesmo doenças físicas relacionadas ao estresse crônico. Além disso, a normose pode levar a uma sensação de vazio e insatisfação constante. Ao se esforçar para se encaixar nos moldes impostos pela sociedade, a pessoa pode negligenciar suas próprias necessidades e desejos autênticos, levando a uma perda de identidade e propósito. Formas de se proteger e libertar da armadilha da normose nada mais são do que estratégias de manter uma atenção plena a si, incluindo: 1. Autoconhecimento: Nos conhecermos nos permite tomar decisões mais alinhadas com a nossa maneira preferível de ser e estar no mundo e nas relações. 2. Não levar a sério o que vemos nas redes sociais, manter um olhar crítico frente ao conteúdo que consumimos e, finalmente, reduzir o tempo gasto com isso. 3. Escolha as pessoas com quem deseja conversar: quem te ajuda a se sentir o melhor de si? Quem, por outro lado, te convida a querer ser/parecer/ter coisas que não estão alinhadas com seus valores mais profundos ou com suas realidades do momento? Difícil fazer estas coisas sozinho(a), busque ajuda e apoio emocional. |
Cristina RuffinoSou Pedagoga (Unicamp), Mestre em Psicologia (Unicamp), doutora em Psicologia pela USP-RP. Arquivos
Dezembro 2024
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