Escrito por Cristina Ruffino A terapia dialógica é uma abordagem terapêutica que enfatiza o diálogo como meio central de engajamento e transformação. Ela se baseia na ideia de que a linguagem e a conversa não são apenas ferramentas para descrever a realidade, mas também meios pelos quais construímos e co-criamos nossa realidade.
Ao contrário de abordagens terapêuticas que podem se concentrar em técnicas específicas ou interpretações do terapeuta, a terapia dialógica coloca o diálogo no centro do processo terapêutico. O diálogo é visto como um espaço onde terapeuta e cliente co-construem significados e exploram novas perspectivas. Entendendo que novos significados podem produzir novas emoções e posicionamentos. A terapia dialógica opera sob a premissa de que a realidade é co-construída através da linguagem. Isso significa que as narrativas e histórias que contamos sobre nós mesmos e nossas vidas não são fixas, mas podem ser reformuladas e recontadas através do diálogo. Cada narrativa destaca determinados eventos e obscurece outros, e é justamente na dança de figura e fundo que a conversa estimula nas nossas narrativas que produzimos mudanças. Ao explorar e recontar histórias, ao questionar e redefinir narrativas, os clientes podem encontrar novas maneiras de entender e se relacionar com suas experiências. Tanto o terapeuta quanto o cliente são encorajados a adotar uma postura reflexiva. Isso significa que eles estão constantemente refletindo sobre o que está sendo dito, como está sendo dito e o impacto dessas palavras. Também prestamos atenção ao que é “dito” com os silêncios, hesitações, gestos e movimentos. A terapia dialógica vê a relação terapeuta-cliente como uma parceria colaborativa. Ambos são vistos como especialistas - o cliente é o especialista em sua própria vida e experiências, enquanto o terapeuta traz conhecimento e habilidades terapêuticas. É o cliente quem informa ao terapeuta sobre a versão de si na qual se sente mais integrado e pleno. As principais influências teóricas à terapia dialógica é Bakhtin sobre dialogismo, bem como abordagens pós-estruturalistas e construcionistas sociais da linguagem e da realidade. |
Cristina RuffinoSou Pedagoga (Unicamp), Mestre em Psicologia (Unicamp), doutora em Psicologia pela USP-RP. Arquivos
Dezembro 2024
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