Escrito por Cristina Ruffino, na Série Externalização #5.
A externalização do problema pode ser uma abordagem particularmente valiosa no caso de lidar com ideações suicidas. Esta abordagem, que envolve tratar o problema como algo separado da pessoa, pode oferecer uma nova maneira de entender e enfrentar esses pensamentos dolorosos e muitas vezes esmagadores. Quando alguém está enfrentando pensamentos suicidas, é fácil para essa pessoa sentir-se identificada ou consumida por essas ideias. Ela pode começar a acreditar que esses pensamentos são uma parte intrínseca de quem ela é. Aqui é onde a externalização pode ajudar significativamente. Ao visualizar os pensamentos suicidas como um agente externo ou uma força separada que está invadindo a mente, é possível criar uma distância psicológica entre a pessoa e os pensamentos. Essa distância pode ser extremamente libertadora. Em vez de lutar contra si mesma, a pessoa passa a lidar com um desafio externo. Isso pode reduzir a intensidade da autocrítica e da vergonha, que muitas vezes acompanham ideações suicidas. Ao externalizar, a pessoa pode começar a perceber que, embora esses pensamentos estejam presentes, eles não a definem e, mais importante, não precisam ditar suas ações. Além disso, a externalização pode abrir espaço para uma melhor intervenção de apoio, seja de amigos, familiares ou profissionais. Quando os pensamentos suicidas são vistos como um problema externo, torna-se mais fácil para outras pessoas oferecerem ajuda. Eles não estão lutando contra a pessoa, mas sim ao lado dela, contra um desafio comum. Criar uma separação entre a pessoa e seus problemas, no caso os pensamentos perturbadores, pode reduzir a sensação de isolamento e desespero, encorajar o apoio e a intervenção, e servir como um passo importante no caminho para a recuperação e a saúde mental.
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Cristina RuffinoSou Pedagoga (Unicamp), Mestre em Psicologia (Unicamp), doutora em Psicologia pela USP-RP. Arquivos
Dezembro 2024
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