Escrito por Cristina Ruffino No livro "Transformação da Intimidade: Sexualidade, Amor e Erotismo nas Sociedades Modernas", Anthony Giddens discute as mudanças na esfera íntima das relações humanas, especialmente em relação à sexualidade, amor e erotismo, decorrentes das transformações sociais e culturais da modernidade tardia.
Giddens argumenta que, na sociedade moderna, houve uma separação da sexualidade do contexto estritamente reprodutivo, o sexo tornou-se cada vez mais relacionado a prazer, satisfação pessoal, intimidade, conexão, curiosidade, domínio, do que a ideia de filhos. Ao mesmo tempo, com as famílias se tornando menores, e a coabitação mais restrita, há uma importância crescente das relações emocionais entre o casal. As relações íntimas baseadas no amor e na emoção tornaram-se centrais, substituindo em certa medida as relações tradicionais e institucionalizadas, como o casamento arranjado ou a companhia fraterna e de toda a família estendida. Sem um julgamento de valor se é melhor ou pior, simplesmente é. A pergunta é como queremos lidar com isso? Que consequências tem para o mundo no qual vivemos fazermos uma escolha ou outra? As mudanças nas identidades sexuais e de gênero nas sociedades modernas também contribuem para transformação do que antes se dava como certo em termos de intimidade. A crescente aceitação e reconhecimento das diferentes identidades sexuais e de gênero, o desafio às normas tradicionais de masculinidade e feminilidade, o questionamento da monogamia como certa e necessária, tudo isso nos convida a revisitar nossas crenças. Como a cultura atual reforça a ideia de individualização das escolhas e práticas sexuais, as pessoas são encorajadas a buscar satisfação individual e a construir sua própria identidade sexual, longe das restrições sociais e morais do passado. Isso, certamente, nos convida a olhar para o relacionamento como algo vivo e como tal, dar importância ao gerenciamento do risco nas relações, já que um papel não as garante mais. Aumenta a consciência da necessidade de construir confiança em seus relacionamentos e lidar com a incerteza e os riscos emocionais envolvidos. Isso é libertador em certo sentido para alguns e angustiante para outros, ou para a mesma pessoa pode ser as duas coisas em diferentes momentos. De que forma as ideias de Giddens nos ajudam a olhar para os casais atuais? O que se torna cada vez mais relevante ser desenvolvido e implementado nos relacionamentos? Creio que podemos destacar:
Claro que cada relacionamento é único, e é importante adaptar essas ideias de acordo com as circunstâncias específicas e as necessidades individuais de cada casal. A comunicação aberta, a empatia e o compromisso são elementos-chave na promoção da saúde do relacionamento. Os comentários estão fechados.
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Cristina RuffinoSou Pedagoga (Unicamp), Mestre em Psicologia (Unicamp), doutora em Psicologia pela USP-RP. Arquivos
Dezembro 2025
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