Escrito por Aglaia Ruffino Jalles da unboundededu.com O crescimento dos laudos nas escolas: o que Isso significa para os alunos? No cenário educacional atual, uma característica tem se destacado de maneira significativa: o aumento do número de laudos, de uma forma geral, para jovens alunos em contextos escolares. Mas afinal, o que isso significa e como isso está afetando a educação e o desenvolvimento dos jovens alunos? Neste post, exploraremos essa tendência e discutiremos suas implicações. O que são laudos escolares? Primeiramente, é importante entender o que são os laudos. Esses documentos são geralmente elaborados por profissionais da área da saúde, como psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e médicos, e têm como objetivo identificar possíveis necessidades especiais ou dificuldades de aprendizagem. Eles podem identificar questões como autismo, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), dislexia, entre outros. O aumento dos laudos: uma tendência emergente Nos últimos anos, observamos um aumento notável na emissão de laudos médicos para jovens em idade escolar. Existem várias razões para essa tendência. Uma delas é uma conscientização crescente sobre as diversas necessidades dos jovens alunos, o que leva a uma busca mais ativa por ajuda e suporte para garantir que todos tenham igualdade de oportunidades na educação. Além disso, as escolas estão se tornando mais inclusivas, buscando acomodar as diferentes necessidades de seus alunos. Isso resulta em uma maior demanda por avaliações que podem direcionar estratégias de ensino individualizadas. As implicações para os jovens alunos e a educação O aumento dos laudos escolares tem implicações significativas para os alunos e para o sistema educacional como um todo:
Em contrapartida, o aumento dos laudos também traz desafios. É crucial evitar a medicalização excessiva da educação, onde todas as diferenças são rotuladas como "problemas"; tornando-se estereotipias. Ao invés disso, é importante ver cada criança como única, com suas próprias habilidades e desafios, sem taxação e assumi-la como um “bode expiatório” (considerá-la como fora do padrão social e educacional). Todo aluno terá necessidades específicas, com ou sem transtornos mentais. Alguns serão mais agitados e outros mais calmos, alguns serão mais facilmente motivados do que outros, e é dever do professor e da escola atender a essas necessidades na medida do possível. Se um aluno parece desinteressado ou está com dificuldade em seu aprendizado, é importante que o professor investigue e reflita sobre a situação para que encontre caminhos que funcionem melhor para aquele aluno específico. O professor não deve tomar essa responsabilidade sozinho, claro, a escola deve oferecer o suporte necessário para que o professor possa atender a todos os alunos, por mais diferentes que eles sejam. Um laudo médico pode ajudar alunos a receberem o suporte adequado que necessitem, porém, sozinho, o laudo médico não muda a realidade da sala de aula. O aluno com dificuldades de aprendizagem precisa da atenção e reflexão do professor e da escola para que mudanças ocorram. De fato, o laudo médico é o próximo passo a ser tomado depois que mudanças já foram feitas na sala de aula ou em relação a um aluno específico e estas não foram efetivas e o aluno continua a mostrar dificuldades. Além disso, o processo de solicitação e de testes para o laudo médico é muito delicado e, se não é feito de maneira sensível e cuidadosa, pode levar o aluno a construir uma ideia negativa de si mesmo, o que pode gerar ainda mais dificuldades e problemas no seu aprendizado. Durante o processo, o aluno, sobretudo crianças e adolescentes que ainda estão desenvolvendo sua personalidade e seu senso de si, pode criar uma narrativa de si como alguém que não aprende, que não é inteligente, que é bagunceiro, e tal narrativa pode levar o aluno a intensificar ainda mais estes comportamentos. Assim, o processo para adquirir um laudo médico deve ser feito de maneira muito delicada, com acompanhamento psicológico para o aluno e muito suporte por parte de professores, família e profissionais de saúde para que este não se torne mais um problema na vida do aluno. Portanto, os laudos podem melhorar a qualidade da educação e garantir que todas as crianças tenham a chance de atingir seu potencial máximo. No entanto, é fundamental que o sistema educacional mantenha o equilíbrio, evitando a estigmatização excessiva e garantindo que cada criança seja vista como única. O objetivo final é criar um ambiente educacional que seja inclusivo e que capacite todas as crianças a prosperar, além de promover a formação e o apoio contínuo aos professores!
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John Gottman é um grande estudioso de relacionamentos amorosos heterossexuais. Ele foi quem chegou a uma razão de 5/1 para o equilíbrio entre interações positivas e negativas em relacionamentos estáveis e felizes (seja lá o que quer dizer "felizes"!!). De acordo com suas pesquisas, para cada interação negativa, deve haver pelo menos cinco interações positivas. Isso significa que as expressões de afeto, atenção e apoio devem superar significativamente os momentos de tensão e desacordo para manter um relacionamento saudável. Ele também formulou os "Sete Princípios para Fazer o Casamento Funcionar", quais sejam: 1. Aprimorar o mapa amoroso: que se refere a cada um ter interesse e buscar conhecer detalhes da vida do seu parceiro, desde os fatos básicos de sua história até seus sonhos atuais, preocupações e esperanças para o futuro. Buscar conhecer o que seu/sua parceiro(a) gosta, o que não gosta, as histórias da infância dele(a), o que ele(a) quer para o futuro... tudo! Quando estamos enamorados fazemos isso de forma natural, podemos ficar horas ouvindo o outro. O que será que no decorrer da relação nos faz pensar que já conhecemos? Como podemos (re)adquirir e trazer para a relação a curiosidade inicial. 2. Nutrir a afeição e a admiração: ou seja, cultivar o respeito e a apreciação pelo seu(sua) parceiro(a), vendo-o de uma maneira positiva em vez de se concentrar nos defeitos. Em outras palavras, "ser fã número um do(a) seu(sua) parceiro(a)". É como ser torcedor convicto de um time, mesmo quando o nosso time joga com outro muito mais forte, não deixamos de estar presente, torcendo, vibrando e dando apoio. Olhe para o seu amor e relembre as características que te encantaram, elas ainda estão presentes, diga isso a ele(a). 3. Voltar-se um para o outro: que em ações significa responder positivamente aos pedidos de atenção, afeto e apoio do(a) seu parceiro(a), em vez de se afastar ou responder negativamente e com intolerância. 4. Deixar-se influenciar: ter uma atitude aberta para as ideias e sentimentos do seu parceiro e estar disposto a comprometer-se e aceitar a influência deles. Uma metáfora boa para isso é "sejam um time", tem horas que ele(a) te passa a bola para você fazer o gol e tem horas que você pode passar para ele(a) chutar para o gol. Qualquer um dos dois podem errar, mas estarão juntos para lidar com a vitória ou a derrota. 5. Resolver os problemas solucionáveis: aprender a diferenciar a qualidade dos problemas, bem como, identificar os problemas que podem ser resolvidos por vocês, além de desenvolver as habilidades para lidar com eles de maneira eficaz. Existem problemas que não são solucionáveis com os recursos de vocês naquele momento, é possível ficar bem com isso? 6. Superar o impasse, ou "aprender a dançar na chuva": que se refere a adotar uma abordagem construtiva para lidar com problemas perenes ou recorrentes, e aprender a dialogar sobre eles com respeito. Se tem algo que sempre vira briga e vocês não encontraram uma forma de mudar, pode ser melhor aprender a lidar com isso do que ficar batendo cabeça. Não é ignorar, mas sim encontrar um jeito de conviver com essas diferenças. 7. Criar um significado compartilhado: desenvolver um entendimento mútuo dos valores e rituais de conexão que constituem a visão do casal para o futuro e a vida que desejam construir juntos. Pode ser desde planejar uma viagem juntos até construir sonhos e planos do que querem realizar como casal. Criar rituais simples do dia a dia é uma forma de unir o casal e dá um sentido maior para estarem juntos. No fundo, estes princípios de Gottman são sobre o casal se conhecer profundamente, mostrar respeito e admiração, estar presente e responder às necessidades do parceiro, trabalhar juntos, resolver o que é possível, aprender a aceitar o que não pode ser mudado, e criar uma vida juntos com significado e propósito compartilhados. Nenhum é novidade, mas é sempre bom nos lembrar, não é? Escrito por Cristina Ruffino.
A psiquiatria interpessoal e a neurociência têm nos oferecido muito material para compreendermos o cérebro do adolescente e, com isso, ampliarmos as possibilidades de significar e entender seus comportamentos e emoções para além do déficit ou de uma comparação com um cérebro adulto. Dizer o que ele não é, não o ajudará a se tornar o que pode ser de melhor. A adolescência é um período de profunda remodelação cerebral. Durante esta fase, o cérebro passa por um processo de "poda" neural, onde conexões sinápticas menos usadas são eliminadas, tornando o cérebro mais eficiente. Esse é um processo e, enquanto tal, toma tempo e precisa de ajustes. O córtex pré-frontal, que está envolvido no planejamento, tomada de decisões e modulação das emoções, ainda está em desenvolvimento durante a adolescência. Isso pode explicar a propensão dos adolescentes a comportamentos impulsivos e a dificuldade em prever as consequências de suas ações. O espanto é ver que muitos adultos parecem seguir assim pelo resto da vida!!! Concomitantemente à formação do córtex pré-frontal, há um aumento na busca por novas experiências. Isso é atribuído a mudanças no sistema de recompensa do cérebro, que podem impulsionar os adolescentes para novidades, aventuras e, às vezes, comportamentos de risco. Uma forma dos pais ajudarem é apoiando a busca por novas experiências de forma segura e construtiva. Isso inclui encorajar hobbies, interesses e amizades saudáveis. Ao mesmo tempo em que podem encorajar os jovens a enfrentar desafios e a desenvolver habilidades de resolução de problemas, aumentando assim sua resiliência e confiança. Neste momento de vida, há também uma aceleração da "integração cerebral", ou seja, desenvolve-se a conexão de diferentes partes do cérebro. Uma melhor integração cerebral durante a adolescência pode levar a uma saúde mental e emocional mais sólida. Os pais podem oferecer modelos de comportamentos saudáveis, incluindo a regulação emocional, o respeito nas interações e o cuidado com a saúde mental e física. Neste período, os adolescentes são particularmente sensíveis às influências sociais e emocionais, o que está relacionado à atividade intensificada no sistema límbico, a parte do cérebro envolvida na regulação emocional. Os pais favorecem este processo na medida em que se comunicam de maneira aberta e empática, evitando julgamentos e críticas. Tentar ouvir e entender a perspectiva do adolescente é uma forma de ajudá-lo a se ouvir e se entender também 𛰃 ouvi-lo, essa é uma grande ferramenta. Este é um período da vida em que é extremamente necessário a conexão emocional, a expressão de amor e o apoio. A conexão emocional não implica em restringir o ambiente dele ao ambiente doméstico. Ele precisa de independência como instrumento de amadurecimento. Independência não deve ocorrer sem o estabelecimento de limites claros e consistentes para a segurança e o desenvolvimento dele. Assim, os limites devem ser equilibrados com a concessão de autonomia apropriada. Como ferramenta de autoconsciência, regulação emocional e empatia, a prática de mindfulness (atenção plena), tai chi, yoga, podem ser aliadas de toda a família. Adolescência é uma fase maravilhosa e cheia de desafios e podemos usufruir deste momento único aprendendo com eles. Escrito por Cristina Ruffino.
O desafio dos relacionamentos à distância é uma experiência complexa e emocionalmente intensa, é uma dança delicada de amor, paciência e tecnologia, onde espera-se que os corações se encontrem, ainda que separados por milhas. Em um mundo cada vez mais globalizado e conectado, os casais se encontram navegando nas águas turvas da distância, onde a proximidade física dá lugar a uma conexão digital. O relacionamento à distância, exige que os envolvidos possam manter um vínculo emocional e confiança mútua, apesar da separação física. A comunicação constante através de tecnologias digitais como mensagens, chamadas de vídeo e e-mails desempenha um papel crucial, atuando como uma ponte que os une. Contudo, essa separação pode trazer desafios adicionais, como a sensação de solidão que um dos parceiros pode experimentar. Este sentimento de solidão pode intensificar as inseguranças e criar mal-entendidos, tornando a comunicação e a confiança ainda mais fundamentais. Encontros presenciais são momentos preciosos e intensos, valorizados por ambos, enquanto a distância física pode também promover um crescimento pessoal e independência. Quando há filhos envolvidos, aquele que fica com os filhos a maior parte do tempo pode se sentir sobrecarregado e sem ter com quem dividir os cuidados diários, trazendo para a relação cobranças e queixas. Apesar dos desafios, como a solidão e a saudade, relacionamentos à distância podem fortalecer os laços emocionais e demonstrar a resiliência do amor, ou, ao contrário, podem levar o casal a questionar se vale a pena estar junto. Neste caso, conversas francas precisam ser feitas. Escrito por Cristina Ruffino.
Constantemente estou com pais e filhos adolescentes e as queixas de ambos os lados se repetem e parecem que se retroalimentam uma da outra. O filho(a) com a queixa: "meu pai / minha mãe não param de implicar"; o pai / mãe dizendo: "não sai do quarto, não conversa, não estuda, não corta o cabelo, não acorda, bebe muito, não atende o celular…". Muitas vezes ofereço para o(a) adolescente a pergunta: "como você pode ajudar seu pai /sua mãe a pararem de implicar já que isso te incomoda?". Eles são muito diretos e claros: "fazendo a coisa certa". Então podemos começar a ver o que eles entendem que seria "a coisa certa". E o diálogo vai nos ajudando a diferenciar, de forma lenta e conjunta, "a coisa certa" do que pode ser: um costume da sociedade, uma forma preferida de alguns grupos, desejos ou preferências dos pais; certo para quem e quando? Na medida em que estas diferenciações podem ser examinadas, é possível posicionar-se frente a cada uma delas e assumir responsabilidades possíveis a partir de um lugar de autor dos seus atos, e não de pura obediência. Pois é justamente que eles estão buscando, serem autores. Neste processo de diferenciação os pais também podem perceber que unhas pintadas de preto ou francesinha expressam um gosto pessoal, muito provavelmente mutável ao longo do tempo e socialmente compartilhado com um grupo de pertencimento e que isso não define o caráter do filho(a). Cabelo azul ou rosa tão pouco diz sobre escolhas futuras do filho. Feita a distinção, os pais podem perceber que nem todos os comportamentos e atitudes exigem intervenção. Eles podem se concentrar em questões de segurança, saúde e escola e deixar questões "menores" (como preferências de moda, escolhas musicais ou cor do cabelo) como espaço de exercício para o desenvolvimento da identidade e autonomia. Focar nas questões mais críticas pode ser mais eficaz e alivia a relação de tantos conflitos. Quando focamos em questões críticas, podemos criar um nível de compromisso e estabelecimento das formas em que aquilo será verificado, ou seja, usamos de parâmetros mais objetivos relacionados às metas traçadas. O que permitirá que aquele que tem um determinado desafio a cumpri-lo, é dar visibilidade para suas conquistas, de forma que ele se sinta reconhecido também pelo que consegue fazer. Me lembro bem de uma família que comecei a acompanhar nas férias de julho. A questão trazida como problema era a filha adolescente não estar estudando, ter ficado com quase todas as notas vermelhas no primeiro semestre. A decisão dos pais estava tomada: "ou estuda ou vai para a escola pública porque não investiremos em escola se não tiver esforço da parte dela". Através do diálogo foram definindo uma rotina, tempo de estudo, acordaram em tirar as saídas com amigos durante a semana e delimitou-se o tempo de uso de celular. A adolescente foi cumprindo cada um destes acordos, quando o boletim do terceiro bimestre chegou: tudo azul, notas entre 8,3 e 9,5. Ai a mãe diz: "ah, mas ela estuda emburrada". E ai entra a tal da distinção: o que foi definido como obrigatório foi o estudo. Se seria de cara boa ou emburrado, poderia ser uma escolha da adolescente. Percebem que se a cada meta alcançada vem um "mas não escovou o dente", "mas não quis ir no aniversário do primo", o adolescente estará constantemente sobre reprovação dos olhos insatisfeitos dos pais e isso não ajuda na conexão e no pertencimento. Me parece que os adolescentes que conseguem passar melhor por esta fase delicada da vida são aqueles que podem contar com o reconhecimento e presença dos pais nas suas "vitórias" cotidianas, isso oferece a eles um parâmetro do tamanho dos sonhos que podem sonhar. Escrito por Cristina Ruffino.
Aprendo com meus clientes sobre o que ganha significado para eles e quais as formas que eles vão encontrando para dar sentido às suas experiências. Isso vem em forma dos livros que leram, dos influencers que seguem, do que recortaram dos jornais, das séries... enfim, vêm da vida e eles dividem comigo na medida em que me deixam conhecer. Nesta última semana, 3 casais fizeram referência aos conceitos do Gary Chapman no livro "As Cinco Linguagens do Amor". Um dos casais me explicando por que não se entendiam: "ela é muito atos de serviço, eu sou toque físico", ou "eu já falei para ele que eu só me sinto amada com palavras de afirmação e ele insiste em me oferecer presentes, devolvo todos". É interessante ouvi-los e independe do meu entendimento destes conceitos, mais do que do livro, eles vão me falando deles e dos entendimentos que constroem. Neste livro, Chapman propõe que existem cinco maneiras pelas quais as pessoas expressam e recebem amor. Segundo ele, essas linguagens são ferramentas essenciais para melhorar a comunicação e fortalecer os relacionamentos. E assim as descreve: 1. Palavras de Afirmação: nesta linguagem a pessoa expressa seu amor através de palavras carinhosas, elogios, cartas e bilhetes. Para pessoas que valorizam palavras de afirmação, ouvir "eu te amo" é extremamente poderoso e significativo. 2. Tempo de Qualidade: os que compartilham desta linguagem, dão atenção plena àquele que amam. Isso significa dedicar tempo ao outro, seja através de conversas profundas, passeios juntos, ou simplesmente estar presente sem as distrações de dispositivos eletrônicos ou outras tarefas. 3. Presentes: para esse grupo, o que melhor expressa amor são os presentes pensados e escolhidos para a pessoa amada. Não importa se são coisas caras ou raras, mas a lembrança, esforço e cuidado ao escolher algo que possa agradar. Para quem se comunica desta forma, um presente simboliza que a pessoa foi lembrada e valorizada. 4. Atos de Serviço: Realizar ações em benefício da outra pessoa, como preparar o almoço, cuidar da casa ou do jardim pensando em alegrar o outro. Fazer pelo outro algo que o outro faria ou gostaria de ver feito. 5. Toque Físico: Nesta linguagem, o contato físico é uma demonstração direta de amor e carinho. Beijos, toques, mãos dadas, carícias, tudo isso expressa calor, segurança e amor de forma muito direta para quem valoriza essa linguagem. Não gosto de tipificações, creio que somos mais do que isso, mas saber que para algumas pessoas essa forma de apresentação das diferenças e das possibilidades do amor as ajudam a entender a si e a seus parceiros, se torna uma metáfora que nos abre portas no diálogo, e isso importa. Escrito por Cristina Ruffino.
Hikikomori foi o termo cunhado para um fenômeno que vem sendo identificado a partir de sintomas como isolamento social voluntário, falta de conexão física e dependência total. O psicólogo Tamaki Saito, no final da década de 90 comparou o comportamento ao de uma "adolescência prolongada", já que os jovens vivem com seus pais que lhes dão o suporte financeiro e emocional. Porém, diferentemente do desejo natural do adolescente de se tornar independente dos pais, os hikikomoris parecem não ter esse desejo, pelo menos não o expressam em palavras ou atos. A adolescência é um período de transição da infância para a fase adulta, neste período o sujeito enfrenta desafios e incertezas de diversas ordens: formação de relações interpessoais fora da família, relações românticas, o desenvolvimento de independência e a entrada no mercado de trabalho. Os hikikomoris, ao se isolarem, não enfrentam essas dificuldades e nem lidam com as pressões externas e as expectativas sociais. Esta falta de experiência pode resultar em um atraso no desenvolvimento pessoal e social que pode se prolongar indefinidamente. Há estudiosos que dizem que em casos de hikikomori há um episódio de “derrota sem luta” que antecede o isolamento, ou seja, a pessoa desiste de algo desejado sem nunca ter lutado por aquilo. O fácil acesso à internet e a disponibilidade de entretenimento e comunicação online podem permitir que os jovens hikikomoris vivam em um mundo virtual, reduzindo a necessidade ou desejo de interações no mundo real. O fenômeno não pode ser visto sem considerar a dinâmica familiar, já que é um fenômeno que, para existir, precisa de pais que o mantenham. Em alguns casos, os pais podem inadvertidamente facilitar o isolamento ao prover todas as necessidades básicas do jovem em casa ou verem nas ações de isolamento do filho um "gosto pessoal" a ser respeitado. Vê-se formado um círculo vicioso onde um sintoma gera outros, que gerarão outros tantos. Escrito por Cristina Ruffino, na Série Externalização #5.
A externalização do problema pode ser uma abordagem particularmente valiosa no caso de lidar com ideações suicidas. Esta abordagem, que envolve tratar o problema como algo separado da pessoa, pode oferecer uma nova maneira de entender e enfrentar esses pensamentos dolorosos e muitas vezes esmagadores. Quando alguém está enfrentando pensamentos suicidas, é fácil para essa pessoa sentir-se identificada ou consumida por essas ideias. Ela pode começar a acreditar que esses pensamentos são uma parte intrínseca de quem ela é. Aqui é onde a externalização pode ajudar significativamente. Ao visualizar os pensamentos suicidas como um agente externo ou uma força separada que está invadindo a mente, é possível criar uma distância psicológica entre a pessoa e os pensamentos. Essa distância pode ser extremamente libertadora. Em vez de lutar contra si mesma, a pessoa passa a lidar com um desafio externo. Isso pode reduzir a intensidade da autocrítica e da vergonha, que muitas vezes acompanham ideações suicidas. Ao externalizar, a pessoa pode começar a perceber que, embora esses pensamentos estejam presentes, eles não a definem e, mais importante, não precisam ditar suas ações. Além disso, a externalização pode abrir espaço para uma melhor intervenção de apoio, seja de amigos, familiares ou profissionais. Quando os pensamentos suicidas são vistos como um problema externo, torna-se mais fácil para outras pessoas oferecerem ajuda. Eles não estão lutando contra a pessoa, mas sim ao lado dela, contra um desafio comum. Criar uma separação entre a pessoa e seus problemas, no caso os pensamentos perturbadores, pode reduzir a sensação de isolamento e desespero, encorajar o apoio e a intervenção, e servir como um passo importante no caminho para a recuperação e a saúde mental. Escrito por Cristina Ruffino, na Série Externalização #4.
Lidar com o uso de drogas dentro da família é uma tarefa desafiadora, mas abordar essa questão sob a ótica da externalização pode oferecer uma nova perspectiva, tanto para a família quanto para a pessoa que está lutando contra o vício. Externalizar o problema significa vê-lo como um invasor externo, e não como uma falha ou deficiência do indivíduo. Quando uma família começa a ver o vício em drogas não como um problema intrínseco de um membro, mas como um desafio externo que afeta a todos, a dinâmica muda. A pessoa que está usando drogas não é mais rotulada como o "problemático" ou o "viciado". Em vez disso, o vício é identificado como o inimigo comum que todos estão enfrentando. Isso pode ajudar a reduzir a culpa e a vergonha que frequentemente acompanham o uso de drogas, tanto para o indivíduo quanto para a família. Essa abordagem também pode fortalecer a união familiar. Ao invés de isolar o membro que está lutando com o vício, a família pode se unir para combater esse intruso externo. Isso não apenas proporciona um apoio crucial para a pessoa que está enfrentando o vício, mas também ajuda os outros membros da família a se sentirem mais capacitados e envolvidos na solução do problema. A externalização pode abrir caminho para uma comunicação mais aberta e eficaz. Em vez de acusações e discussões carregadas de emoção, as conversas podem se concentrar em como conhecer as ações e intenções do problema e pensar formas de identificar recursos para apoiar a pessoa em sua jornada de resistência. Ao mesmo tempo, permite que a família explore e aborde as circunstâncias que podem ter contribuído para o surgimento do vício. Em suma, abordar o uso de drogas na família a partir de uma perspectiva de externalização pode ser uma forma poderosa de enfrentar o problema. Ao reconhecer o vício como um inimigo externo, a família pode se unir em um esforço comum para apoiar seu ente querido, fortalecendo os laços familiares e promovendo um ambiente de recuperação e compreensão. Escrito por Cristina Ruffino, na Série Externalização #3. Tenho enfrentado, junto com alguns clientes, o desafio de minimizar o poder do Alcoolismo da vida deles e de suas famílias. A terapia narrativa tem sido a lente com a qual percebo que é possível falar com os clientes e suas famílias a partir de um lugar de maior agência e controle de si e da situação. A jornada pelo mundo do alcoolismo, quando vista através da lente da terapia narrativa e da externalização do problema, desdobra-se como uma narrativa onde o alcoolismo não é uma característica intrínseca do indivíduo, uma falha moral ou de caráter, mas sim um intruso externo com o qual a pessoa se depara. Nessa história, o alcoolismo é personificado como um antagonista astuto, um desafiador persistente que se infiltra nas rotinas, nos pensamentos e nas relações, alterando a paisagem da vida cotidiana. Para quem enfrenta esse antagonista, a luta não é apenas contra um hábito ou uma dependência, mas contra uma força externa que parece ter sua própria vontade e que impõe à vida das pessoas seus desejos. Essa personificação do alcoolismo permite uma distância crítica e psicológica do problema, ajudando a ver que o 'eu' e o 'alcoolismo' são entidades separadas. Esta abordagem oferece uma mudança de perspectiva, transformando o enfrentamento ao vício em um confronto com um inimigo externo. Nessa narrativa, cada recaída, cada tentação resistida, e cada dia de sobriedade ganha novo significado. Não são mais vistos como falhas ou sucessos pessoais, mas como eventos em um campo de batalha mais amplo. As recaídas são estratégias astutas do adversário, enquanto a resistência e a sobriedade são vitórias contra ele. Este ponto de vista ajuda a aliviar a culpa e a vergonha que muitas vezes acompanham o alcoolismo, pois o indivíduo pode se reconhecer como um lutador corajoso contra um inimigo formidável, em vez de alguém definido ou derrotado pelo problema. Nessa luta, o apoio de amigos, familiares e profissionais é como um exército aliado. Eles não estão lá para julgar ou repreender, mas para fornecer estratégias, conforto e um lembrete do mundo além do alcance do alcoolismo. Neste contexto, terapeutas atuam com as pessoas como táticos e estrategistas, ajudando a mapear o terreno, compreender as estratégias do adversário para planejar formas de enfrentamento e resistência. Além disso, a externalização do alcoolismo permite uma visão mais otimista e esperançosa. Se o alcoolismo é um inimigo externo, então há a possibilidade de vitória, de trégua, de redefinir o território da própria vida. O indivíduo pode começar a vislumbrar um futuro onde ele vive livre desse adversário, não por negar sua existência, mas por reconhecer sua separação dele. Essa jornada não é simples nem linear. É uma luta contínua, repleta de altos e baixos, avanços e recuos. No entanto, ao tratar o alcoolismo como um problema externo, cria-se um espaço para a compaixão, a resiliência e, acima de tudo, a esperança de que, apesar dos desafios e das dificuldades, o indivíduo tem a força e o apoio para reivindicar sua vida de volta das garras desse inimigo astuto. Escrito por Cristina Ruffino, na Série Externalização #2. A externalização do problema no contexto do vício digital é uma forma de reenquadrar a situação de uma forma em que a pessoa que convive com o problema se torne mais potente frente a ele. O vício digital não é visto como uma falha interna da pessoa, mas como um desafio externo, algo que está ali, separado dela. É como se o vício fosse um personagem próprio, um elemento intrusivo que entra na vida da pessoa sem ser convidado e interfere desastrosamente na vida da pessoa.
Essa maneira de ver as coisas traz uma mudança de perspectiva importante. Em vez de se identificar como "viciado", o indivíduo começa a ver o vício como algo danoso frente ao qual resiste. Isso pode ser incrivelmente libertador. Afinal, se o vício é visto como externo, ele não define a pessoa. Ele é apenas um obstáculo a ser superado, não uma característica da própria identidade ou caráter da pessoa. Ao externalizar o problema, a pessoa pode começar a pensar em estratégias para enfrentá-lo, como se estivesse elaborando um plano para conhecer melhor um adversário e conseguir não se deixar levar pelas suas seduções. Pode fazer parte deste plano: limitar o uso de dispositivos digitais, buscar atividades alternativas que preencham o tempo de forma mais saudável ou até mesmo procurar apoio profissional. A família tem um papel importantíssimo de resistência ao problema junto com a pessoa. Se entendermos que o Vício é um agente que convence a pessoa a se manter isolado no quarto escuro, a família pode atuar no sentido de ser aquela que não entra nas "artimanhas" do Vício e abre as janelas, chama para fora do quarto, propõe alternativas que minem o poder do Vício sobre a pessoa. O mais importante é que esse reenquadramento oferece esperança e empoderamento. Em vez de se sentir derrotado pelo vício, a pessoa se vê como alguém que está enfrentando um desafio difícil, mas superável. Isso enfatiza a força e a resiliência, ao invés da vulnerabilidade e da fraqueza. Afinal, se o problema é externo, então ele pode ser confrontado, controlado e, eventualmente, vencido. Escrito por Cristina Ruffino, na Série Externalização #1. "O problema é o problema, a pessoa não é o problema" - esse é o olhar transformador que a terapia narrativa nos convida a ter frente às questões que as pessoas enfrentam. Mais do que uma teoria, entendo que é uma epistemologia a partir da qual conhecemos as pessoas e seus desafios.
Essa ideia é uma abordagem revolucionária na terapia e na compreensão dos desafios psicológicos. Esse recurso baseia-se na ideia de que os problemas podem ser vistos como entidades separadas das pessoas que os enfrentam. Essa separação cria um espaço vital para a compreensão e a mudança. Esta visão contrasta com muitas abordagens tradicionais da psicologia, onde os problemas são frequentemente vistos como parte integrante da identidade de um indivíduo. Para a terapia narrativa, essa identificação com os problemas pode ser limitante e prejudicial, pois leva a sentimentos de impotência e fracasso para a pessoa e sua família. Ao externalizar o problema, este deixa de ser uma característica inerente ao indivíduo e passa a ser algo que ele está enfrentando ou com o qual está interagindo. Por exemplo, em vez de uma pessoa se ver como "depressiva", ela é convidada a ver a depressão como um desafio externo que está impactando sua vida. Isso permite que as pessoas se distanciem de seus problemas, observando-os de uma nova perspectiva e reduzindo a tendência de se culpar ou se sentir envergonhadas por eles. Essa abordagem também encoraja as pessoas a reescreverem suas histórias. Em vez de serem definidas pelo problema, elas podem começar a ver-se como protagonistas em uma jornada para superar um obstáculo externo. Isso pode ser incrivelmente capacitador e pode abrir caminho para soluções criativas e inovadoras para os desafios que enfrentam. Além disso, a externalização facilita a colaboração e o apoio de outras pessoas. Quando um problema é visto como externo, amigos, familiares e terapeutas podem se unir à pessoa no enfrentamento a este desafio comum, em vez de tentar "consertar" a pessoa. Na minha prática, sinto que investigar junto com os clientes suas questões a partir desta lente os coloca em um papel mais esperançoso e ativo. Ela não só ajuda as pessoas a verem seus desafios sob uma luz diferente, mas também promove uma sensação de esperança, agência e possibilidade de mudança. Ao separar as pessoas dos problemas que enfrentam, White ofereceu um caminho para a recuperação e o empoderamento que tem influenciado profundamente a prática terapêutica moderna. Escrito por Aglaia Ruffino Jalles da unboundededu.com A neurociência tornou-se a nova sensação científica de nosso tempo, especialmente quando se trata de suas possíveis interseções com a educação. Muitos programas educacionais têm aderido aos chamados métodos de ensino "baseados no funcionamento do cérebro" ou "brain friendly" (amigáveis ao cérebro). E é evidente que as estratégias de marketing estão se apoiando no enorme apelo que qualquer coisa relacionada à neurociência tem sobre os consumidores (ou, para os propósitos deste artigo, sobre os professores, estudantes, conselhos escolares, etc.). Estudos sugerem que até mesmo o mero uso de imagens cerebrais parece ter um poder persuasivo mais forte do que outros métodos para apresentar uma ideia (gráficos, por exemplo)¹. Mas será que a neurociência está REALMENTE inovando a prática de ensino? Como qualquer outra abordagem teórica da educação, é crucial que os educadores reflitam sobre a real praticabilidade da neurociência no processo de ensino-aprendizagem. Não quero ser cínica e fingir que os avanços da neurociência não foram enormes e, em alguns casos, extremamente importantes. De fato, recentemente, os estudos em neurociência avançaram rapidamente e de forma muito positiva. Muitos problemas de saúde mental estão sendo melhor abordados graças a esses avanços. E eu acredito que isso é apenas o começo dessa disciplina científica, que provavelmente progredirá muito mais e será de grande ajuda em muitos contextos no futuro. No entanto, muitos neurocientistas já alertaram a comunidade educacional de que seus estudos estão longe de serem de uso prático para a sala de aula². Portanto, é preciso ter cuidado ao considerar uma metodologia de ensino baseada em neurociência ou uma "estratégia milagrosa de aprendizagem 'brain friendly' por apenas R$ 9999 !!!". E aqui apresento 3 razões para isso: 1. Os Estudos de Neurociência Ainda Não Propuseram Nenhum Método Educacional Novo que Pedagogos Não Conheçam Hoje em dia, vemos e ouvimos muitas pessoas falarem sobre as últimas descobertas da neurociência sobre como o cérebro funciona e, mais especificamente, sobre como ele aprende de maneira mais eficaz. Parece muito promissor quando um entusiasta da neurociência afirma ter criado uma nova maneira de ensinar que faz as crianças aprenderem mais ou mais rápido, com base no funcionamento do cérebro. Mas o problema é que, até agora, as últimas descobertas em neurociência sobre como o cérebro funciona e, mais especificamente, como ele aprende de maneira mais eficaz (aquelas que não são neuromitos) não são novidade para os pedagogos. Na verdade, educadores têm discutido as mesmas estratégias de ensino propostas pelos neurocientistas há séculos. Tão cedo quanto 490 a.C., o filósofo grego Sócrates já usava analogias e conexões com experiências anteriores para ajudar seus interlocutores (ou alunos) a compreender e assimilar novos conceitos. Recentemente, estudos de neurociência mostraram que o cérebro consolida melhor os novos conhecimentos ao conectá-los a conhecimentos prévios ou, em outras palavras, o cérebro aprende estabelecendo conexões entre o que já sabemos e novas informações. Não é isso o que Sócrates fazia ao estabelecer analogias entre novos conceitos e coisas que seus interlocutores já conheciam para facilitar a compreensão deles? O mesmo pode ser dito sobre estudos recentes de neurociência que mostram que práticas de aprendizagem ativa (comparar, discutir, explicar, analisar, resolver problemas) são muito mais eficazes do que apenas receber informações passivamente (ler, ouvir o professor). Os pedagogos têm defendido práticas de aprendizagem ativa por séculos. Desde Jean-Jacques Rousseau, no século XVIII, propondo o aprendizado por exploração, até John Dewey, no século XX, propondo o aprendizado por resolução de problemas. A aprendizagem ativa tem sido uma estratégia sugerida por muitos educadores ao longo da história. Na realidade, para um pedagogo bem informado, as descobertas da neurociência sobre os processos educacionais não parecem muito diferentes da abordagem educacional Montessori. No século XVII, a educadora Maria Montessori já havia afirmado a importância de trabalhar com a iniciativa do aluno, com a motivação intrínseca e com os interesses próprios dos alunos. Todas essas práticas foram recentemente sugeridas pela comunidade científica da neurociência. 2. A Pesquisa de Neurociência Não Captura Totalmente a Realidade de uma Sala de Aula Os neurocientistas conduzem pesquisas extremamente importantes e obtêm muitos resultados úteis para várias questões, não podemos negar isso. No entanto, devido à sua complexidade, a pesquisa em neurociência é feita em contextos altamente controlados, que estão longe da realidade de uma sala de aula. Testar um método de ensino específico em um ambiente controlado, com um aluno por vez, não se assemelha à realidade da maioria dos professores e dos programas educacionais ao redor do mundo. Sobretudo quando o teste é apenas sobre um aspecto do processo de aprendizagem. Por exemplo, testar se os alunos aprendem um determinado conceito matemático sob uma determinada condição da sala de aula ou se eles se concentram mais em uma explicação em outras condições específicas. Esses testes são interessantes em si mesmos e certamente lançam luz sobre aspectos desconhecidos do cérebro humano. Mas eles não consideram os múltiplos elementos que estão em jogo em uma sala de aula real. O processo de ensino-aprendizagem em uma sala de aula envolve elementos emocionais, intelectuais, sociais e individuais. O ensino depende da especificidade de cada aluno e da divergência entre os alunos e entre os alunos e o professor. Trata-se de aprender algo em diferentes níveis: compreender, fazer, analisar, comparar, modificar, resolver, brincar, etc. A própria ideia de "aprendizagem" geralmente não é claramente explicada na pesquisa de neurociência ao examinar o processo de aprendizagem. Quando um estudo sugere que os alunos aprendem melhor ou mais rápido sob determinadas condições, o que significa exatamente "aprender"? A "aprendizagem" ocorre quando os alunos podem repetir o que o professor disse? Quando eles podem responder a uma pergunta sobre o tema? Quando podem analisá-lo? Quando podem resolver um problema? Os educadores têm refletido sobre essa questão por séculos, não é uma verdade absoluta e, ainda assim, a pesquisa é conduzida para testar a "aprendizagem" como um resultado conhecido e fixo. A realidade do ensino, em configurações formais e informais, é muito mais diversificada, complexa e subjetiva do que um teste em um laboratório pode recriar ou examinar. A disciplina da neurociência ainda tem muito a trabalhar e evoluir antes que possa realmente testar o processo de aprendizagem em um contexto que se assemelhe à realidade da maioria dos alunos e professores. 3. A Maioria das Descobertas em Neurociência Não É de Utilidade Prática para o Ensino Apesar de suas pesquisas inovadoras e descobertas de ponta, a neurociência não fornece muito conhecimento prático aos professores. Novamente, isso não significa que a neurociência seja inútil para todas as disciplinas. A neurociência fez descobertas definitivamente importantes que ajudarão diferentes campos de trabalho e ciência, no entanto, a educação ainda não é um desses campos. A maioria das descobertas em neurociência diz respeito à atividade e função cerebral. É crucial saber como o cérebro funciona para avançar na medicina, psicologia e nos estudos de desenvolvimento humano; no entanto, quando se trata da sala de aula, os professores não estão interagindo apenas com atividades cerebrais específica, mas com seres humanos inteiros, que exigem mais do que apenas a ativação de funções cerebrais específicas. Conhecer qual parte do cérebro é ativada ao aprender um algoritmo pode, possivelmente, ajudar um professor de matemática a planejar sua próxima aula? Não. Pelo menos não neste momento. Essa é uma descoberta interessante que abre muitas portas para a ciência, mas não apresenta nenhuma utilidade prática para os professores por enquanto. Em vez disso, é a disciplina da pedagogia que considera a prática de ensino em suas complexidades e intricâncias. O ensino vai além da função cerebral sozinha. A aprendizagem está conectada a relações interpessoais e intrapessoais, emoções, subjetividade, curiosidade, motivação, contextos físicos e sociais, conhecimento prévio e outros elementos que podem interferir nos processos de ensino e aprendizagem. Então, a neurociência é completamente inútil para a educação? De jeito nenhum! Depois de ler os argumentos apresentados neste artigo, você pode se perguntar se, afinal, a neurociência tem alguma relevância para a educação. E embora ela não tenha contribuído muito com uso prático para o ensino até agora, ela oferece aos educadores ferramentas valiosas. Como mencionado anteriormente, a neurociência não propôs nenhum método ou abordagem educacional nova, mas ela oferece justificativas científicas e evidências empíricas das vantagens e resultados de diferentes métodos de ensino propostos por educadores. Pedagogia e neurociência podem cooperar de forma rica no sentido de que a neurociência pode fornecer evidências empíricas para teorias pedagógicas. Como as neurocientistas Anna C. Márquez e Marta P. Tresserra afirmam brilhantemente em seu livro '10 ideias-chave de neurociência e educação: contribuições para a sala de aula': "a neurociência educacional não propõe nada de novo, ela fornece apenas uma base científica com base nos mecanismos neurais que intervêm nos processos de aprendizagem e memória, o que justifica por que algumas metodologias de ensino são mais eficazes do que outras." (tradução própria, p. 24)⁴. Se você deseja aprender mais sobre como a neurociência pode VERDADEIRAMENTE ser uma ferramenta para a educação, com uma base científica real de neurocientistas e educadores conhecedores, eu recomendo: Referências
1 - McCabe, M.P.; CASTEL, A.D. (2008): "Seeing is believing: the effect of brain images on judgments of scientific reasoning". Cognition, vol. 107(1), p. 343-352. & WEISBERG, D.S. et. al. (2008): "The seductive allure of Neuroscience explanations". Journal of Cognitive Neuroscience, vol. 20(3), p. 470-477. 2- Goswami, U. (2006): "Neuroscience and education: from research to practice?". Natural Review Neuroscience, vol. 7, p. 406–413. 3- Westerhoff, N. (2010): "La neurodidáctica a examen". Mente y cerebro, vol. 44, p. 34-40. 4- Márquez, A. C.; Tresserra, M. P. (2018): "10 ideas clave neurociencia y educación: Aportaciones para el aula". Editorial GRAÓ, 1st edition. Desmistificando 4 neuromitos comuns: Explorando conceitos errôneos do ensino "brain friendely"7/11/2023
Escrito por Aglaia Ruffino Jalles da unboundededu.com Os recentes avanços na pesquisa em neurociência trouxeram esperança para professores ao redor do mundo. Parecia que muitos dos desafios em sala de aula seriam resolvidos com uma compreensão profunda do cérebro. De fato, promover metodologias (supostamente) "baseadas no cérebro" para que professores e alunos aprendam mais e melhor tem sido um negócio muito lucrativo. No entanto, os próprios neurocientistas alertaram a comunidade educacional sobre a falta de aplicabilidade prática que a neurociência tem para a educação, pelo menos até agora¹. Como discuto no artigo "Você tem que conhecer neurociência para ensinar bem?", é realmente muito cedo para fazer conexões diretas entre descobertas neurocientíficas e educação, pois a primeira está ainda muito distante da realidade da aprendizagem. E ainda assim, vemos cada vez mais estratégias "baseadas em neurociência" sendo promovidas no campo educacional. O problema é que a maioria dessas estratégias advém de interpretações simplistas e errôneas das descobertas da neurociência, que propagam ideias falsas sobre o cérebro e o processo de ensino-aprendizagem². Essas concepções errôneas se tornaram tão comuns que receberam o nome de neuromitos. Aqui estão alguns dos neuromitos mais comuns e por que eles são falsos: 1. Estudantes com Dominância Cerebral Esquerda ou Direita: Você provavelmente já se deparou com uma pesquisa online que afirmava revelar se você é dominado pelo lado esquerdo ou direito do cérebro. Essa ideia também está presente nas escolas. Não é incomum ver cursos para professores sugerindo que eles devem identificar cada aluno como com dominância do lado esquerdo ou direito do cérebro para planejar atividades apropriadas para cada "tipo" de aluno. Supostamente, as pessoas com dominância do lado esquerdo são mais lógicas, analíticas e organizadas; enquanto as pessoas com dominância do lado direito são mais emocionais, criativas e intuitivas. Segue-se que esses cursos sugerem que os professores se apoiem nas inclinações de cada "tipo de cérebro" para facilitar o processo de aprendizagem. O problema é: isso não tem absolutamente nenhuma evidência científica. Para ser completamente justa, há de fato uma conexão entre os hemisférios do cérebro (esquerdo e direito) e a lateralidade. Isso significa que o hemisfério cerebral dominante de um indivíduo irá determinar se a pessoa é destra, canhota, ambidestra ou se tem o que é chamado de lateralidade cruzada. No entanto, isso está relacionado apenas ao uso físico de partes do corpo, como mãos, pés e olhos, mas não está correlacionado com a aprendizagem. Não há nenhuma prova científica de que as pessoas tenham diferentes tendências de aprendizado relacionadas ao seu lado dominante do cérebro. De fato, independentemente do hemisfério dominante do indivíduo, tanto o hemisfério esquerdo quanto o direito são extremamente importantes para que os seres humanos funcionem adequadamente. Mais importante ainda, ambos os hemisférios do cérebro estão em constante comunicação, o que é essencial para seu funcionamento como um todo. O corpo caloso é a região do cérebro que permite a conexão dos hemisférios esquerdo e direito do cérebro. Ele é composto por milhões de axônios neurais, que transmitem informações de um hemisfério para o outro. Esses axônios neurais transmitem informações de um lado do cérebro para o outro o tempo todo, o que significa que ambos os hemisférios trabalham juntos constantemente para que o cérebro funcione adequadamente. Certamente, diferentes processos mentais dependem mais de um hemisfério do que de outro, como a linguagem. A linguagem geralmente depende mais do lado esquerdo do cérebro, porque é o local da área de Wernicke, da área de Broca, do giro angular e do córtex insular; todas áreas essenciais para a função da linguagem. No entanto, apesar da dominância esquerda na função da linguagem, o cérebro ainda depende da comunicação entre seus dois hemisférios para poder usar a linguagem de forma eficiente. Além disso, estudos de neurociência mostram que pessoas que sofreram lesões no hemisfério esquerdo do cérebro podem desenvolver a função da linguagem no lado direito do cérebro como resultado³. Isso indica que os diferentes hemisférios do cérebro não estão completamente cimentados em certas funções, como a ideia de "pessoa com dominância do lado esquerdo ou direito" nos faz acreditar. O cérebro é extremamente plástico e pode se adaptar de maneira brilhante a diferentes condições⁴. Esse fato contradiz a ideia de que um indivíduo "dominado pelo lado direito" tem necessariamente essa ou aquela característica por toda a sua vida, já que o cérebro pode se reorganizar, aprender e se adaptar de maneira tão eficiente. Portanto, ensinar cada aluno usando um conjunto limitado de estratégias dependendo de sua "lateralização cerebral" não segue nenhuma base científica. Na verdade, essa estratégia vai contra as informações que as recentes pesquisas neurocientíficas nos sugerem. É muito mais benéfico usar uma variedade de estratégias de ensino com todos os alunos do que dividir os alunos em tipos específicos e usar apenas estratégias analíticas de ensino para "alunos com dominância do lado esquerdo" e estratégias de ensino mais criativas ou artísticas para "alunos com dominância do lado direito". Na verdade, todos os alunos devem ter experiências com diferentes estratégias de aprendizagem para desenvolver todas as suas funções cognitivas como um todo. Conforme as neurocientistas Anna Márquez e Marta Tressera⁵ colocam de forma brilhante, "o cérebro dos estudantes está preparado para se adaptar às exigências de seu ambiente educacional. Assim, se o ambiente pede apenas repetição e memorização de informações, a neuroplasticidade permitirá que seus cérebros se adaptem e se especializem nesse tipo de função. Em contraste, se os requisitos educacionais incluírem o desenvolvimento de outras funções cognitivas complexas, como a capacidade de resolver problemas, tomar decisões e pensar criativamente, a plasticidade cerebral que está por trás do processo de aprendizagem permitirá que os cérebros dos alunos se especializem nessas funções." (tradução própria, p. 42). Assim, categorizar os alunos em "tipos de cérebros" e restringir suas experiências educacionais a sua "categoria" não os ajudará necessariamente a aprender melhor, mas certamente limitará seu desenvolvimento cognitivo e pessoal. 2. Estilos de Aprendizagem Um mito muito semelhante ao da "dominância do lado esquerdo" ou "dominância do lado direito" é a ideia de que cada pessoa tem um estilo de aprendizagem específico e fixo. Segundo o "programa" de estilos de aprendizagem, cada indivíduo tem um estilo de aprendizagem específico que, se usado, permitirá uma aprendizagem mais eficiente. Supostamente, os estilos são visual, auditivo e cinestésico. Esses estilos corresponderiam ao canal sensorial preferido do indivíduo: a visão, a audição ou o movimento e sensação físicos. No entanto, não há evidências empíricas de benefícios reais relacionados a essa prática educacional. Na verdade, como já discutimos, parece que a neurociência sugere o oposto do programa de "estilos de aprendizagem" para ensinar de maneira mais eficaz. Sim, as pessoas podem ter (e de fato têm) preferências quando se trata de aprender/estudar. Alguns alunos se sentem mais à vontade lendo sobre um assunto, enquanto outros têm mais facilidade assistindo a um vídeo sobre esse mesmo assunto. Esse não é o ponto que quero discutir. O mito aqui é a ideia de que nós, professores, devemos atribuir apenas tipos específicos de atividades a certos alunos e outros tipos de atividades a outros alunos. Por exemplo, a ideia de estilos de aprendizagem sugere que, se uma sala de aula for dividida em "aprendizes visuais e cinestésicos", o professor teria que planejar um tipo de atividade visual (por exemplo, uma apresentação em vídeo) para os aprendizes visuais e uma atividade cinestésica (por exemplo, um jogo em movimento) para os aprendizes cinestésicos para ensinar o mesmo assunto aos diferentes grupos de alunos. Não me entenda mal, sou totalmente a favor de planejar atividades diferentes para ensinar um único assunto, mas por razões completamente diferentes dos "estilos de aprendizagem". E aqui vão as razões pelas quais a ideia dos "estilos de aprendizagens" está equivocada: Em primeiro lugar, é extremamente difícil determinar claramente um único estilo puro de aprendizagem para cada indivíduo para todas as funções cognitivas⁵. Na maioria dos estudos que tentaram determinar o estilo de aprendizagem dos indivíduos, os participantes se situavam na zona intermediária, usando diferentes estilos de aprendizagem para diferentes situações. Isso significa que há pouco ou nenhum indivíduo com um estilo de aprendizagem "puro"⁶ por si só. Em segundo lugar, a verdadeira evidência que foi verdadeiramente comprovada por estudos empíricos é que uma variedade de métodos sensoriais de ensino beneficia todos os alunos da mesma forma. Não se restringir a um único canal sensorial, mas usar uma variedade de estratégias de ensino que provoquem diferentes canais sensoriais é verdadeiramente benéfico para todos os alunos. Claro que devemos considerar e respeitar as preferências individuais de cada aluno, mas, como professores, devemos sempre buscar encontrar maneiras mais variadas de criar experiências significativas para os alunos e, às vezes, desafiá-los a irem além de sua zona de conforto. Em termos neurocientíficos, quanto mais redes neurais são provocadas ao aprender um assunto, mais representações mentais relacionadas a esse assunto serão criadas no cérebro, o que facilitará para os alunos lembrá-lo e relacioná-lo a novas informações adicionais. Isso significa que quanto mais atividades e experiências variadas um indivíduo tiver para aprender/estudar um assunto, é mais provável que ele assimile e memorize melhor o conhecimento. Em conclusão, não classifique seus alunos em categorias de "esses assistirão a vídeos", "esses farão modelos", "esses lerão", etc. Ofereça a todos os seus alunos uma variedade de maneiras de pensar e aprender. Mostre-lhes vídeos, promova debates, proponha uma atividade artística relacionada ao assunto, conte uma piada, proponha desafios divertidos, leve-os para um passeio fora da sala de aula, deixe-os tocar, ver, ouvir, imaginar, brincar... Faça da aprendizagem mais do que apenas uma ideia limitada do que cada pessoa pode ou não pode fazer. 3. Usamos apenas 10% do nosso cérebro A ideia de que usamos apenas 10% do nosso cérebro é comumente usada em tramas de filmes, como Lucy (2014) ou Limitless (2011), e não é um problema uma história de ficção científica contar contos fantásticos. No entanto, na realidade, esse "conto" é completamente falso. Se usássemos apenas 10% do nosso cérebro, teríamos problemas neurológicos e cognitivos extremamente sérios. De fato, não há zonas obscuras no cérebro que os cientistas ainda não conheçam⁶. Muitas funções cerebrais dependem de uma série de redes neurais articuladas que estão espalhadas por todo o cérebro. Para a maioria dos seres humanos, não há áreas do cérebro que nunca são ativadas, a menos que haja algum problema neurológico. Conforme afirmam as neurocientistas Anna Márquez e Marta Tressera⁵: esse mito possivelmente vem de uma interpretação errônea da neuroimagem cerebral. Relatórios de pesquisa e artigos no campo da neurociência geralmente mostram neuroimagens da ativação de partes do cérebro que estão sendo investigadas em um estudo específico. Essas imagens mostram apenas a ativação das áreas de interesse e pode parecer que o resto do cérebro não está funcionando, no entanto, esse não é o caso. Na verdade, o cérebro inteiro tende a estar ativo na maior parte do tempo da vida de uma pessoa, mas as neuroimagens que aparecem em estudos científicos mostram apenas a ativação das áreas de interesse para os propósitos de uma investigação específica. Claro que nosso cérebro é extremamente plástico e pode mudar ao longo do tempo. Sempre podemos aprender novos conceitos, informações e habilidades. Talvez se considerarmos todo o conhecimento da humanidade que há para aprender, a maioria das pessoas realmente sabe menos de 10% deste. Mas, novamente, isso não significa que usamos apenas 10% do nosso cérebro, isso apenas significa que sempre podemos aprender mais. Para a maioria das pessoas, todas as áreas do cérebro humano (ou 100% dele) funcionam e são usadas diariamente. 4. Brain Gym A ideia de que existem certos exercícios ou movimentos que são especialmente benéficos para o cérebro pode ser encontrada em muitos programas oferecidos ao redor do mundo. Muitos programas famosos de fato afirmam ensinar certas habilidades motoras e exercícios de equilíbrio que supostamente ajudam na organização cerebral, foco e outros benefícios cognitivos. Infelizmente, não há quantidade de dinheiro que possa comprar um curso que ensine movimentos exatos para tornar seu cérebro "mais eficaz", mais focado ou mais "funcional". Isso porque tal curso não existe. De fato, já foi comprovado que o exercício físico melhora a saúde mental e muitas funções mentais, como concentração, alerta, memória, humor, etc. Wendy Suzuki é uma neurocientista que, entre outros, tem se dedicado à pesquisa sobre os efeitos das mudanças cerebrais decorrentes do exercício físico, e seu trabalho confirmou os muitos benefícios do exercício físico para várias funções mentais e para a saúde mental⁷, como maior atenção, melhora da memória, melhora do humor, diminuição da ansiedade e da fadiga, etc. (confira sua palestra do TEDTalks se quiser saber mais sobre os benefícios do exercício físico para o cérebro). Então, se o exercício físico é de fato benéfico para o cérebro, porque a ideia de Brain Gym é um mito? Os benefícios do exercício físico para o cérebro (e corpo) são 100% reais. No entanto, o mito está na ideia de que apenas certos movimentos e exercícios específicos são bons para o cérebro. O fato é que você não precisa comprar um programa caro que ensine os movimentos corretos para que seu cérebro melhore; QUALQUER tipo de exercício físico terá os mesmos impactos positivos nas suas funções mentais e saúde. Talvez ainda mais se for um exercício físico que você goste em vez de uma série de movimentos estranhos e chatos. Para os professores: sim, você deve planejar atividades que envolvam movimento em sua sala de aula e você deve garantir que a escola onde você trabalha valorize a atividade física e permita tempo suficiente para que os alunos possam se envolver nela. Mas o ponto é: não gaste seu dinheiro valioso e seu tempo precioso com programas que afirmam ter descoberto os movimentos ideais para os cérebros de seus alunos, porque qualquer movimento é um movimento ótimo para o cérebro. Desde pular corda até brincar de esconde-esconde, de dançar a fazer caminhadas ao redor da escola ou em parques, você tem uma ampla variedade de possíveis exercícios físicos que pode fazer sozinho ou propor aos seus alunos, e que são gratuitos e tão benéficos quanto qualquer outro exercício. Resumindo… Esses são apenas alguns dos neuromitos que vemos circulando em canais informativos. Infelizmente, há muito mais mitos sendo divulgados online, em instituições e escolas. Na verdade, muitas vezes esses mitos são criados ou disseminados por pessoas com as melhores intenções, nem sempre eles são disseminados com o objetivo malicioso de causar desinformação. E essa é mais uma razão pela qual sempre devemos ter cuidado e ser críticos em relação às novas informações que cruzam nosso caminho. A crescente fama da neurociência é muito positiva no sentido de permitir que mais pessoas sejam informadas sobre descobertas muito interessantes e importantes desse campo de pesquisa, mas também apresenta certos riscos. Muitos estudos de neurociência são complexos e têm muitas nuances e, por isso, podem ser mal interpretados ou simplificados em excesso para se tornarem mais "vendáveis" ou "aplicáveis". Assim, é fundamental que todos nós, como educadores, pais, alunos ou apenas pessoas interessadas, estudemos a neurociência com um olhar crítico e busquemos fontes confiáveis e bem fundamentadas para nossas informações. E você? Você já viu ou ouviu falar de outros neuromitos circulando por aí que não foram discutidos nesse artigo? Comente abaixo e compartilhe conosco! Se você deseja aprender mais sobre como a neurociência pode VERDADEIRAMENTE ser uma ferramenta para a educação, com uma base científica real de neurocientistas e educadores conhecedores, eu recomendo:
REFERÊNCIAS
1 - Goswami, U. (2006): "Neuroscience and education: from research to practice?". Natural Review Neuroscience, vol. 7, p. 406–413. DOI:10.1038/nrn1907 2 - Morrison, H.; Purdy, N. (2009): "Cognitive neuroscience and education: unravelling the confusion". Oxford Review of Education, vol. 35, p. 99-109. DOI: 10.1080/03054980802404741 3 - Sveller C. et. al. (2006): "Relationship between language lateralization and handedness in left-hemispheric partial epilepsy". Neurology, vol. 67. DOI: https://doi.org/10.1212/01.wnl.0000244465.74707.42 Thiel, A. et. al. (2006): "From the left to the right: How the brain compensates progressive loss of language function". Brain and Language, vol. 98, p. 57-65. DOI: https://doi.org/10.1016/j.bandl.2006.01.007 4 - Lövdén, M. et. al. (2013): "Structural brain plasticity in adult learning and development". Neuroscience & Behavioral Reviews, vol. 37, p. 2296-2310. DOI: https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2013.02.014. 5 - Márquez, A. C.; Tresserra, M. P. (2018): "10 ideas clave neurociencia y educación: Aportaciones para el aula". Editorial GRAÓ, 1st edition. 6 Spinath, B. (2019): "Psicología de la educación". Mente y Cerebro, n. 94, p. 78-82. 7 - Basso, J.; Suzuki, W. (2017): "The effects of acute exercise on mood, cognition, neurophysiology, and neurochemical pathways: A review". IOS Press, p. 127-152. DOI: DOI 10.3233/BPL-160040. Lee, Y.; Ashman, T.; Shang A.; Suzuki, W. (2014): "Brief report: effects of exercise and self-affirmation intervention after traumatic brain injury". NeuroRehabilitation, vol. 35, p. 57-65. DOI: 10.3233/NRE-141100 https://static1.squarespace.com/static/5651cdc8e4b03de1aca6c145/t/569819c369a91aed01ad1118/1452808643798/Shang_SfNposter_11072013_17.pdf https://static1.squarespace.com/static/5651cdc8e4b03de1aca6c145/t/5700fb8ca3360c0321d40d32/1459682189126/Basso+SfN+Poster+2015+Final.pdf Você já se perguntou se falar vários idiomas é reservado para os excepcionalmente talentosos ou para aqueles que aprendem desde uma tenra idade? Neste artigo, vamos revelar uma informação bombástica: o aprendizado de idiomas não é um talento concedido a alguns poucos selecionados; é uma capacidade inata em todos nós. Você pode pensar no processo de aprendizagem de idiomas como decifrar o código que funciona PARA VOCÊ. Este artigo apresentará o conceito de Gramática Universal, uma teoria criada pelo renomado linguista Noam Chomsky. A Gramática Universal postula que a capacidade de adquirir um idioma está embutida em nossa constituição biológica, graças a uma gramática mental inata que está presente em nossos cérebros. Em essência, TODOS nós estamos equipados com as ferramentas necessárias para adquirir novos idiomas. O conhecimento da linguagem é inato a todos os seres humanos. Ainda sobre teorias linguísticas, também exploraremos a Hipótese do Período Crítico, a qual sugere que o aprendizado de idiomas é mais eficaz durante a infância, até a adolescência. Embora alguns possam estender essa ideia como também presente na aquisição de um segundo idioma, sugerimos aqui que as pessoas também podem alcançar fluência de uma língua aprendida já na fase adulta. A Hipótese do Período Crítico, na realidade, se relaciona à aquisição do PRIMEIRO idioma. Portanto, isso não significa que você não pode aprender um segundo idioma proficientemente após certa idade específica. A aprendizagem de um segundo idioma não está relacionada a um período crítico, mas sim ao uso de estratégias corretas e de muita determinação. A importância da exposição e do contato com o idioma é outro aspecto crítico que exploraremos. Independentemente da sua idade, a imersão em um idioma é a chave para o progresso. No entanto, a imersão por si só não é suficiente; sua atitude, valores e seu esforço inabalável são os verdadeiros catalisadores do sucesso. Por fim, desvendaremos os segredos da aprendizagem eficaz de idiomas e desmistificaremos alguns mitos comuns. Forneceremos dicas para que você tenha a sua própria jornada eficaz de aprendizagem de idiomas, independentemente da sua idade ou contexto. No entanto, é importante notar que a chave para o sucesso reside em sua motivação, exposição consistente à língua, implementação de estratégias eficazes e na compreensão de suas necessidades e preferências de aprendizado individuais. Neste artigo, você descobrirá como desbloquear seu potencial linguístico, alcançar seus objetivos e embarcar em uma recompensadora aventura de aprendizado de idioma. Você está pronto para dar o primeiro passo? Em nossa exploração da aquisição de idiomas a partir de uma perspectiva biológica, adotaremos uma abordagem linguística. Começaremos com a teoria linguística conhecida como Gramática Universal, uma teoria pioneira do renomado linguista Noam Chomsky. A Gramática Universal postula a existência de uma gramática mental única aninhada em nossos cérebros, frequentemente chamada de "dispositivo de aquisição de linguagem" (DAL)¹. Este compartimento é o que distingue os seres humanos do restante do reino animal, dotando-nos de uma predisposição biológica para dominar e aprender um idioma. É uma característica excepcional incorporada em nosso ser, sem a qual a arte da aprendizagem de idiomas permaneceria além de nosso alcance. Por que isso importa no contexto da aquisição de um segundo idioma? A importância da Gramática Universal está no fato de que existem um conjunto de princípios universais que sustentam todos os idiomas, embora estes se manifestem de maneira diferente em cada um. O que isso significa é que se você já dominou sua língua materna, você essencialmente já aperfeiçoou as ferramentas essenciais para abraçar um segundo idioma. Sua capacidade inata de aprender qualquer idioma deriva dessa base compartilhada dos princípios universais. No entanto, existem outras teorias sobre a aquisição de idiomas, incluindo a Hipótese do Período Crítico, que sugere uma janela de oportunidade limitada para aprender o primeiro idioma desde a infância até a puberdade. Embora algumas pessoas tenham estendido essa ideia para a aquisição de um segundo idioma, desmistificaremos o equívoco comum de que os adultos estão restritos por esse período crítico. Na realidade, os adultos podem alcançar fluência em um idioma estrangeiro, mesmo além desse limite temporal, e há pesquisas que sustentam esse fato. O caminho para a maestria da linguagem é marcado por suas próprias variáveis únicas, independentemente da idade. Independentemente da sua idade, a aquisição bem-sucedida de um idioma depende de sua imersão no idioma e de como você o utiliza. No cerne da aprendizagem de idiomas está o papel vital desempenhado pela exposição ao idioma. É um princípio universalmente aplicável, independentemente da idade, e é o alicerce sobre o qual a aquisição de idiomas se baseia. A exposição a um idioma é essencial, mas não é suficiente por si só. Suas atitudes e valores entram em jogo, moldando sua jornada de aprendizado de idiomas. O esforço que você investe em seu aprendizado determina sua capacidade de absorver, compreender, imitar e, em última análise, usar o vocabulário e as estruturas gramaticais complexas do ambiente linguístico em que está imerso. Agora, a questão ardente emerge: é necessário um ambiente totalmente imersivo para aprender um idioma? A resposta, como se constata, é não. A imersão absoluta e constante não é um requisito. No entanto, a exposição contínua ao idioma sem dúvida acelera o processo de aprendizado. Isso cria um ambiente em que você é compelido a se envolver com o idioma, e essa imersão é, de fato, um poderoso catalisador para a aquisição de idiomas. Dito isso, não desanime se você não puder morar em um país onde o idioma que você deseja aprender é falado. A realidade é que você pode alcançar fluência no idioma, mesmo sem essa oportunidade. Você deve estar se perguntando: Como? Antes de revelarmos como fazer isso, vamos primeiro desmistificar alguns mitos comuns sobre o aprendizado de idiomas. Um mito comum sobre o aprendizado de idiomas gira em torno da ideia de que apenas algumas pessoas sortudas possuem um dom genético inato para aprender idiomas. A verdade é que TODOS têm essa capacidade inata para aprender idiomas! A destreza linguística não está gravada no DNA de ninguém. É menos sobre dotação genética e mais sobre sua determinação e eficácia na abordagem de aprendizado. Embora seja verdade que algumas pessoas exibam uma aptidão mais alta para aprender idiomas, isso não é uma vantagem inata. Pelo contrário, esta aptidão pode ser atribuída ao que é conhecido como "teste de aptidão linguística". As habilidades avaliadas neste teste incluem a capacidade de processar e lembrar novos sons, fazer associações, aprender e analisar padrões e lidar com uma riqueza de informações simultaneamente. Crucialmente, essas habilidades não são dádivas inatas; elas podem ser desenvolvidas por qualquer um, até mesmo por meio do estudo de idiomas. No que diz respeito à aquisição de idiomas, há um segundo mito disseminado que gostaríamos de abordar: a crença de que as crianças possuem uma vantagem inerente sobre os adultos na aprendizagem de idiomas. Essa noção não é completamente verdadeira. Na verdade, crianças e adultos têm resultados semelhantes no processo de aquisição de idiomas, embora com algumas diferenças-chave. Para começar, os adultos têm certas vantagens sobre as crianças quando se trata de aprender idiomas. Seu desenvolvimento cognitivo tende a ser mais avançado, resultando em uma capacidade aprimorada de resolução de problemas e pensamento crítico. Esse desenvolvimento cognitivo não apenas auxilia na aprendizagem de idiomas, mas também se estende à aquisição de conhecimento em geral. Em essência, o processamento de informações mentais leva à geração de conhecimento. Além disso, os adultos muitas vezes exibem uma motivação intrínseca mais forte para aprender um novo idioma, impulsionada por aspirações de carreira ou interesses pessoais. Eles podem definir metas claras de aprendizado de idiomas e trabalhar diligentemente para alcançá-las. A autonomia é outra vantagem dos adultos; eles podem adaptar seus métodos de aprendizado para atender às suas necessidades e preferências específicas. Além disso, os adultos têm o benefício da experiência linguística, uma vez que já são proficientes em seu idioma nativo e podem compreender conceitos linguísticos complexos, como gramática e sintaxe. Além disso, ao aprender um segundo idioma, os adultos têm a possibilidade de fazer comparações e conexões entre o idioma aprendido e seu idioma nativo, o que é extremamente útil para o processo de aprendizado. O cérebro adulto é excelente em compreender regras gramaticais complexas e estruturas lógicas, enquanto as crianças tendem a cometer mais erros nesse aspecto. Além disso, os adultos costumam ter um entendimento mais sólido das nuances culturais na aprendizagem de idiomas, área em que as crianças podem enfrentar dificuldades. Por outro lado, as crianças possuem pontos fortes distintos em certos aspectos da aquisição de idiomas. Seus cérebros jovens e maleáveis as tornam hábeis em memorização e pronúncia. Elas têm uma capacidade inata de absorver informações, muitas vezes inconscientemente. As crianças geralmente têm mais tempo e menos responsabilidades, como contas a pagar e compromissos de trabalho, o que lhes permite dedicar muito tempo à aprendizagem de idiomas. Além disso, elas tendem a ter menos inibições, o que as torna destemidas em cometer erros e aprender com eles. Confiança e a disposição a aprender com os próprios erros são aspectos críticos do processo de aprendizado de idiomas, aspectos estes em que as crianças se destacam. Além disso, crianças pequenas têm uma maior aptidão quando se trata de aprender e adquirir corretamente os sons do idioma (fonemas), o que lhes permite desenvolver uma pronúncia nativa com mais facilidade. Enfim, a eficácia da aprendizagem de idiomas varia de pessoa para pessoa. Tanto adultos quanto crianças trazem seu próprio conjunto único de vantagens e desvantagens para a mesa. O sucesso na aquisição de idiomas depende da motivação, exposição, estratégias eficazes de aprendizado e do reconhecimento e adaptação de diferenças individuais. Com o entendimento de que todos têm o potencial para dominar um novo idioma e de que a abordagem pode ser diferente entre crianças e adultos, a pergunta que vale milhões permanece: Como embarcar em sua jornada de aprendizado de idiomas? Em primeiro lugar, você precisa de um objetivo claro. Qual é sua motivação para aprender um novo idioma? É para melhorar suas experiências de viagem, abrir portas para novas oportunidades de carreira ou apreciar filmes, séries e livros estrangeiros em sua língua original? Identificar seu objetivo é a ignição que alimenta seu motor de aprendizado de idiomas. Como aprender um idioma não é tarefa fácil, manter uma motivação inabalável é fundamental. Agora, a próxima peça do quebra-cabeça é criar um plano de estudo eficaz. A aprendizagem de idiomas exige estrutura; você não pode simplesmente entrar casualmente neste trem e esperar a fluência surgir do nada. Seu plano de estudo deve abranger todos os aspectos do idioma: gramática, escuta, fala e escrita. Se você está começando do zero, é aconselhável evitar a gramática muito complexa no início. Em vez disso, concentre-se em compreender a gramática fundamental do idioma enquanto desenvolve seu vocabulário e sua familiaridade com o ritmo e a entonação do idioma (escutando pessoas falando a língua). Os aspectos intricados da gramática podem esperar até que você tenha desenvolvido um entendimento e uma familiaridade mais profundos do idioma. A seguir vem a imersão, uma técnica frequentemente considerada a mais eficaz, mas que não necessariamente envolve se mudar para um país estrangeiro. Afinal, nem todos podem ter esse luxo. No entanto, você pode se imergir no idioma sem sair de casa. Muitos entusiastas de idiomas alcançaram fluência sem colocar os pés no país onde o idioma-alvo é falado. Como? Tudo se resume à frequência e consistência. A escuta passiva é uma técnica poderosa, envolvendo a reprodução do idioma ao fundo enquanto você realiza suas tarefas diárias. Quer você esteja cozinhando, trabalhando ou se deslocando pela cidade, ouvir um podcast ou música em seu idioma-alvo fornece um fluxo constante de prática da língua. Mas não pare na escuta passiva. A escuta ativa também é crucial. Dedique tempo para entender o que você ouve, buscando clareza em palavras ou frases desconhecidas. Para os momentos em que a compreensão vacila, anote as partes desafiadoras e retorne a elas mais tarde para uma compreensão mais profunda. A consistência é o alicerce inabalável da aprendizagem de idiomas. A exposição irregular e esporádica simplesmente não será suficiente. Além disso, considere o poder de pensar no idioma que está aprendendo ou até mesmo falar consigo mesmo no idioma-alvo. Pensar em seu idioma nativo e traduzir mentalmente pode ser complicado, já que as traduções nem sempre se alinham perfeitamente com o idioma-alvo. Em vez disso, mergulhe no pensamento no idioma-alvo, mesmo se à princípio você não consegue formar muitas coisas, fomentando fluência e confiança. Um aspecto importante do processo de aprendizagem é escolher tópicos que despertem seu interesse. Sua jornada de aprendizado de idiomas deve ser agradável e envolvente, não uma tarefa árdua. Além disso, observe e imite falantes nativos. Essa técnica fornece informações valiosas sobre entonação, gíria, pronúncia e muito mais. A repetição é sua melhor amiga; relembre o que você aprendeu para consolidar seu conhecimento. Embora recursos de aprendizado, como Duolingo, FluentU, Quizlet e Lingvist possam ser ótimos, não dependa apenas deles. Um tutor ou professor de idiomas pode atuar como guia, mas também não deve ser sua única fonte de entrada. Plataformas como italki, Verbal Alphabet e Unbounded Education também oferecem recursos valiosos para o aprendizado de idiomas. E, se você estiver ansioso para conversar com falantes nativos interessados em aprender seu idioma nativo em troca, considere plataformas como HelloTalk e Tandem.
Então, aqui está: um roteiro completo para a aprendizagem eficaz de idiomas. Seja você uma criança ou um adulto, a chave para o sucesso está em sua motivação, exposição consistente, estratégias de aprendizado eficazes e na compreensão e adaptação de suas necessidades e preferências de aprendizado únicas. Por fim, este artigo mergulhou fundo no fascinante mundo da aquisição de idiomas. Exploramos os intrincados mecanismos biológicos por trás da aprendizagem de idiomas, e o conceito da Gramática Universal iluminou o fato de que a capacidade de aprender idiomas é inata em todos nós. Navegamos pelo cenário da Hipótese do Período Crítico, derrubando as fronteiras que uma vez limitaram a aquisição de idiomas à infância e à adolescência. Além disso, desmistificamos dois mitos comuns: a crença de que apenas certas pessoas possuem um dom inato para os idiomas e a ideia de que as crianças possuem uma vantagem exclusiva. Crianças e adultos têm cada um suas vantagens e desafios próprios. À medida que você se prepara para embarcar em sua jornada de aprendizado de idiomas, lembre-se disso: seu potencial para dominar um novo idioma não é limitado pela sua idade ou origem. Ele é definido por sua motivação, exposição consistente, estratégias eficazes e sua capacidade de entender e se adaptar ao seu processo de aprendizado único. Armado com essas ferramentas, você está pronto para desbloquear seu potencial linguístico, alcançar seus objetivos de aprendizado de idiomas e embarcar em uma aventura de aprendizado de idiomas gratificante. Mas a jornada não precisa ser solitária. Se você deseja potencializar sua experiência de aprendizado de idiomas, convidamos você a considerar a Unbounded Education. Nossa plataforma foi projetada para apoiar e aprimorar sua jornada de aprendizado de idiomas com uma comunidade de colegas aprendizes, recursos especializados e uma abordagem personalizada que atende às suas necessidades individuais. Então, você está pronto(a) para dar o primeiro passo em sua aventura de aprendizado de idiomas com a Unbounded Education? Seu caminho para a maestria da linguagem o/a aguarda! REFERÊNCIAS 1 CHOMSKY, N. (1986) “Knowledge of language: It's nature, origin and use. New York: Praeger. SMITH, G.; TAGARELLI, K. (2022) “Are some people just good at learning new languages?” Mango Languages. Avilable here WHITE, L. (1998) “Universal grammar in second language acquisition: The nature of interlanguage representation”. McGill University. Available here BIRKNER, V. (2015) “Universal grammar plays a major role in second language acquisition”. Humanising Language Teaching, issue 1. VANHOVE, J. (2013) “The Critical Period Hypothesis in second language acquisition: A statistical critique and a reanalysis. DOI: 10.1371/journal.pone.0069172 CARROLL, S. (2015) “Exposure and input in bilingual development”. Cambridge University Press. MORIN, A. (2020) “Why cognitive skill milestones are important”. Verywell family. Available here KURTS, C. (2023) “The most effective language learning strategies”. Mango Languages. O’NEILL, E. (n/d) ”Adults are better at learning languages than children—and here’s why”. UK Language Project. Available here Escrito por Grisel Bennett
Editado por: Aglaia Ruffino Jalles da unboundededu.com A educação é uma jornada compartilhada, em que escolas e famílias desempenham papéis complementares e fundamentais. Quando essas duas partes trabalham juntas em harmonia, os benefícios para os alunos são imensuráveis. Neste post, explicarei a importância da parceria entre escola e família e como ela pode contribuir para o sucesso acadêmico e pessoal das crianças. A escola é um ambiente complexo, com normas, expectativas e desafios únicos. A parceria entre escola e família permite que os pais ou cuidadores compreendam melhor esse ambiente. Através da participação em reuniões escolares, interação com os professores, com a equipe administrativa e os programas de ensino, é criada uma base sólida para o apoio às crianças em casa. A transição para o ambiente escolar pode ser desafiadora emocionalmente para os alunos (sobretudo os mais novos) e a presença e o apoio dos pais ou cuidadores podem ajudar a tornar esse momento mais suave. Quando a escola e a família trabalham juntas para criar um ambiente acolhedor e encorajador, os alunos se sentem mais seguros e confiantes. Uma relação de cooperação entre escola e família pode ser uma ferramenta poderosa para o reforço da aprendizagem. Não se trata apenas de acompanhar os progressos acadêmicos, e sim sobre o envolvimento ativo dos pais ou cuidadores na vida escolar de seus filhos: participar de eventos escolares, auxiliar nas atividades de lição de casa, leitura com seus filhos, promover o acesso a recursos educacionais adicionais, apoiar atividades extracurriculares e estar presente nos momentos importantes da jornada educacional. Isso não apenas aperfeiçoa o desempenho acadêmico, mas também reforça o valor da educação. Somado a isso, a comunicação aberta e constante entre o meio familiar e o educacional é fundamental, visto que permite que os pais ou cuidadores tenham conhecimento do progresso acadêmico e comportamental de seus filhos. Ademais, quando em contato próximo, os professores podem obter insights valiosos sobre as necessidades individuais dos alunos para adaptar sua abordagem pedagógica de maneira mais efetiva. Enfim, a parceria entre escola e famílias é um pilar fundamental para uma educação de qualidade e exitosa. Quando ambos os lados se unem em prol do bem-estar e do sucesso dos alunos, os resultados são incríveis. Portanto, devemos incentivar todas as escolas e famílias a abraçarem essa parceria e a colherem os frutos de uma educação verdadeiramente enriquecedora. Escrito por Cristina Ruffino A terapia dialógica é uma abordagem terapêutica que enfatiza o diálogo como meio central de engajamento e transformação. Ela se baseia na ideia de que a linguagem e a conversa não são apenas ferramentas para descrever a realidade, mas também meios pelos quais construímos e co-criamos nossa realidade.
Ao contrário de abordagens terapêuticas que podem se concentrar em técnicas específicas ou interpretações do terapeuta, a terapia dialógica coloca o diálogo no centro do processo terapêutico. O diálogo é visto como um espaço onde terapeuta e cliente co-construem significados e exploram novas perspectivas. Entendendo que novos significados podem produzir novas emoções e posicionamentos. A terapia dialógica opera sob a premissa de que a realidade é co-construída através da linguagem. Isso significa que as narrativas e histórias que contamos sobre nós mesmos e nossas vidas não são fixas, mas podem ser reformuladas e recontadas através do diálogo. Cada narrativa destaca determinados eventos e obscurece outros, e é justamente na dança de figura e fundo que a conversa estimula nas nossas narrativas que produzimos mudanças. Ao explorar e recontar histórias, ao questionar e redefinir narrativas, os clientes podem encontrar novas maneiras de entender e se relacionar com suas experiências. Tanto o terapeuta quanto o cliente são encorajados a adotar uma postura reflexiva. Isso significa que eles estão constantemente refletindo sobre o que está sendo dito, como está sendo dito e o impacto dessas palavras. Também prestamos atenção ao que é “dito” com os silêncios, hesitações, gestos e movimentos. A terapia dialógica vê a relação terapeuta-cliente como uma parceria colaborativa. Ambos são vistos como especialistas - o cliente é o especialista em sua própria vida e experiências, enquanto o terapeuta traz conhecimento e habilidades terapêuticas. É o cliente quem informa ao terapeuta sobre a versão de si na qual se sente mais integrado e pleno. As principais influências teóricas à terapia dialógica é Bakhtin sobre dialogismo, bem como abordagens pós-estruturalistas e construcionistas sociais da linguagem e da realidade. Escrito por Cristina Ruffino Daniel Siegel, psiquiatra e neurocientista especialista no desenvolvimento dos processos neurobiológicos, destaca alguns pontos fundamentais quando consideramos o desenvolvimento da criança:
O convite é repensar a importância desses fatores na promoção de um crescimento cerebral ótimo, ressaltando a necessidade de um ambiente rico, seguro e afetivamente envolvente para assegurar um desenvolvimento saudável e integral das crianças.
Se passearmos pelas publicações referentes ao tema ou pelos conselhos de “especialistas” (o que é ser especialista quando se trata de relações humanas?!!), vamos encontrar muitas sugestões e conselhos. Eu particularmente, trabalhando com casais há 2 décadas, não tenho nenhum conselho, mas tenho curiosidades: o que uniu o casal? Quais foram os valores que os aproximaram? O que cada um vislumbrava da vida a dois que em algum momento considerou que o outro tinha a oferecer? Quais foram os desafios com os quais lidaram bem? De que forma cada um deles contribuiu?
Na medida em que eu puder conhecê-los e eles se reconhecerem, construimos o caminho para ouvirmos o que foi mudando em cada um e o que mudou no relacionamento? Quem foi percebendo? De que forma percebeu? Que nome foi dando para “aquilo” que viu como mudança/ chatice/ desconexão/ prisão, ou seja lá que nome vier? Isso assustou? Surpreendeu? O que fez com essa percepção? Teve vontade de dividir com o outro? Se não o fez, sabe o que levou a não fazer? Se alguém não percebeu, soube que o outro percebia? O que fez com isso? O que ajudou o relacionamento a fazer com isso? Percebia outra coisa neste período? Como era? Com quem compartilhava? Com isso nos aproximamos da traição, que pode ou não se tornar uma tema da conversa, trazendo conosco quem somos (fomos?) ao longo da relação. Assim, não ouviremos de forma solitária, descontextualizada. As escutas se tornam diferentes? Na minha experiência, sim. Enfim, a traição pode ser uma oportunidade de explorar e revisitar os movimentos de mudanças na vida de cada um e do casal, que muitas vezes passaram despercebidos. Uma oportunidade para se reconectar consigo e com o relacionamento distinguindo se há necessidades não atendidas e quais são elas. Tanto de cada um, quanto do relacionamento. Na traição nem sempre é apenas sexo que está em jogo. Pode ser a busca de conexão, de emoção, de autonomia, de angústias indistintas. Como podemos passar a distingui-las daqui para frente? Se o casal resolver seguir juntos – e, na minha experiência, muitos decidem – então também precisaremos explorar a sexualidade e a intimidade. Precisaremos olhar juntos para as crenças e suposições antigas: o que pensavam já saber do outro e de si mesmo. Que saberes precisaremos/ desejaremos atualizar? Não é fácil conversar sobre estas coisas, mas se eles chegam na terapia e desejam seguir em frente, estaremos juntos e meu papel será ajuda-los a se ouvirem, a expressarem suas emoções, receios, mágoas e preocupações de forma sincera e respeitosa. Muitas vezes, o casal esteve junto há 10, 20, 30 anos e nunca exercitou conversas onde a comunicação autêntica e o respeito estiveram juntos – ou seja, posso dizer tudo, mas não de qualquer jeito. Como podemos olhar para isso de forma segura? Que novos acordos são necessários? Quais outras narrativas sobre o que é possível, desejável, bom na vida sexual serão possíveis? Quais narrativas contribuirão para construírem uma intimidade e conexão emocional onde caiba os dois? Isso tudo se aplica apenas a possíveis imaginárias com um casal hipotético, já que na vida real, cada casal é único e cada conversa, inédita e inacabada de uma maneira única. Escrito por Cristina Ruffino No livro "Transformação da Intimidade: Sexualidade, Amor e Erotismo nas Sociedades Modernas", Anthony Giddens discute as mudanças na esfera íntima das relações humanas, especialmente em relação à sexualidade, amor e erotismo, decorrentes das transformações sociais e culturais da modernidade tardia.
Giddens argumenta que, na sociedade moderna, houve uma separação da sexualidade do contexto estritamente reprodutivo, o sexo tornou-se cada vez mais relacionado a prazer, satisfação pessoal, intimidade, conexão, curiosidade, domínio, do que a ideia de filhos. Ao mesmo tempo, com as famílias se tornando menores, e a coabitação mais restrita, há uma importância crescente das relações emocionais entre o casal. As relações íntimas baseadas no amor e na emoção tornaram-se centrais, substituindo em certa medida as relações tradicionais e institucionalizadas, como o casamento arranjado ou a companhia fraterna e de toda a família estendida. Sem um julgamento de valor se é melhor ou pior, simplesmente é. A pergunta é como queremos lidar com isso? Que consequências tem para o mundo no qual vivemos fazermos uma escolha ou outra? As mudanças nas identidades sexuais e de gênero nas sociedades modernas também contribuem para transformação do que antes se dava como certo em termos de intimidade. A crescente aceitação e reconhecimento das diferentes identidades sexuais e de gênero, o desafio às normas tradicionais de masculinidade e feminilidade, o questionamento da monogamia como certa e necessária, tudo isso nos convida a revisitar nossas crenças. Como a cultura atual reforça a ideia de individualização das escolhas e práticas sexuais, as pessoas são encorajadas a buscar satisfação individual e a construir sua própria identidade sexual, longe das restrições sociais e morais do passado. Isso, certamente, nos convida a olhar para o relacionamento como algo vivo e como tal, dar importância ao gerenciamento do risco nas relações, já que um papel não as garante mais. Aumenta a consciência da necessidade de construir confiança em seus relacionamentos e lidar com a incerteza e os riscos emocionais envolvidos. Isso é libertador em certo sentido para alguns e angustiante para outros, ou para a mesma pessoa pode ser as duas coisas em diferentes momentos. De que forma as ideias de Giddens nos ajudam a olhar para os casais atuais? O que se torna cada vez mais relevante ser desenvolvido e implementado nos relacionamentos? Creio que podemos destacar:
Claro que cada relacionamento é único, e é importante adaptar essas ideias de acordo com as circunstâncias específicas e as necessidades individuais de cada casal. A comunicação aberta, a empatia e o compromisso são elementos-chave na promoção da saúde do relacionamento. |
Cristina RuffinoSou Pedagoga (Unicamp), Mestre em Psicologia (Unicamp), doutora em Psicologia pela USP-RP. Arquivos
Dezembro 2024
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