Escrito por Cristina Ruffino. "Amar era pouco para mim, depois que eu experimentara a felicidade de apaixonar-me por ele. Eu queria movimento, e não uma fluência tranquila da vida." Márya - Tolstoy
Dentro das páginas de "Felicidade Conjugal", Tolstói nos convida a um íntimo mergulho nas profundezas das relações humanas, tecendo uma trama que gira em torno das emoções críveis e das percepções agudas de seus personagens. Não é apenas a história que se desenrola, mas um diálogo entre as almas, cada uma trazendo sua própria melodia para a sinfonia da vida. Com uma maestria que só Tolstói possui, ele nos conduz pelo labirinto do amor e do casamento, guiados pelos olhos de Márya, uma jovem cuja jornada do coração é tão cativante quanto complexa. Desde os primeiros capítulos, somos apresentados a sua vida pré-marital, marcada por uma doce amizade com Serguei Mikhailovich — uma presença constante e reconfortante, apesar da diferença de idade que os separa. A história se desdobra em duas partes distintas, como se fossem dois atos de uma peça, cada um revelando as diferentes facetas do amor. No início, é como se estivéssemos flutuando em um sonho, testemunhando o florescer de um amor entre Márya e Serguei, tão puro e radiante que parece desafiar a própria realidade. Tolstói, com seu toque único, pinta essa fase com cores vivas de alegria e paixão, capturando a essência embriagadora do amor juvenil. Mas como em qualquer sonho, vem o despertar. A segunda parte nos arrasta para um território mais sombrio, onde as sombras da desilusão começam a se insinuar na vida conjugal de Márya. O tempo, esse artesão de mudanças, começa a revelar as fissuras no idílio, expondo as diferenças que se alastram entre ela e Serguei. O que antes era um amor inquestionável, agora é um campo minado de desafios e sacrifícios, cada passo uma dança delicada entre o amor e a perda. Através da evolução de Márya, Tolstói não apenas narra uma história, mas desdobra um estudo profundo sobre a essência da felicidade conjugal. Ele nos mostra como as expectativas podem distorcer a realidade, como as circunstâncias podem remodelar nossos laços e como, no final, é a evolução de nossas relações que define a verdadeira essência do amor.
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Cristina RuffinoSou Pedagoga (Unicamp), Mestre em Psicologia (Unicamp), doutora em Psicologia pela USP-RP. Arquivos
Dezembro 2024
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