Por Cristina Ruffino. Há algum tempo, tenho me dedicado a entender as ideias apresentadas no livro de Maurits Kwee, editado pela TAOS Institute e prefaciado por Kenneth Gergen. Esta obra, juntamente com "Horizons in Buddhist Psychology", de co-autoria de Kwee e Gergen, tem sido uma fonte rica de insights e novas curiosidades para meus estudos.
Neste livro, Kwee apresenta uma integração inovadora entre a psicologia ocidental contemporânea e as tradições budistas milenares, com um foco especial em práticas colaborativas e relacionais. O resultado é uma abordagem que não apenas expande nossa compreensão da mente humana, mas também oferece novas ferramentas para o bem-estar psicológico. Ele apresenta o "Budismo Relacional", que é uma abordagem que enfatiza as relações intersubjetivas e a interdependência de todos os fenômenos. Esta perspectiva incorpora ideias profundas de interconexão e coemergência de experiências e identidades, alinhando-se com o construcionismo social e a natureza relacional da realidade. Um conceito muito interessante é o de "coemergência" - a ideia de que os fenômenos surgem mutuamente em um contexto relacional. Este conceito oferece uma nova lente para compreender os processos de autorregulação e corregulação emocional, abrindo caminho para abordagens mais holísticas no tratamento de questões psicológicas. A consciência plena (mindfulness) emerge como uma prática fundamental neste contexto, oferecendo ferramentas poderosas para navegar a complexidade de nossas experiências emocionais e relacionais. Kwee introduz a fascinante ideia do "não-eu" (anatta) no contexto da psicologia moderna. Ao desconstruir a noção de um eu fixo e imutável, esta abordagem oferece um caminho para reduzir o sofrimento psicológico. Compreender o "eu" como uma construção mental, moldada por contextos temporais e geográficos, pode liberar os indivíduos de padrões rígidos de pensamento e comportamento. Integrando estas ideias, Kwee propõe um modelo de terapia dialógica e colaborativa. Nesta abordagem, terapeuta e cliente trabalham juntos em um processo cocriativo de mudança, respeitando a natureza intersubjetiva da experiência humana. Esta metodologia se mostra particularmente eficaz no tratamento de questões existenciais e no alívio do sofrimento psicológico. O livro também explora as conexões entre práticas meditativas budistas e descobertas recentes da neurociência. Kwee examina como a meditação pode alterar a estrutura e a função cerebral, impactando diretamente nossas capacidades de auto e corregulação. Estas práticas não apenas oferecem caminhos para a redução do sofrimento, mas também abrem portas para um aumento significativo do bem-estar geral. Este livro representa uma ponte entre a sabedoria antiga do Oriente e os avanços científicos do Ocidente, oferecendo insights valiosos para profissionais da saúde mental, pesquisadores e qualquer pessoa interessada em explorar as profundezas da consciência humana e do bem-estar psicológico. Estes temas te interessam? Quais destes conceitos mais te intriga? Topa continuar a conversar sobre eles?
2 Comentários
Isabel A M Ferreira
13/9/2024 16:45:32
Curiosidade para saber mais sobre o assunto.
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Cristina Ruffino
16/9/2024 21:08:16
Isabel, tem esse livro disponível gratuitamente no site do Taos Institute. Se quiser conversar sobre, pode nos escrever.
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Cristina RuffinoSou Pedagoga (Unicamp), Mestre em Psicologia (Unicamp), doutora em Psicologia pela USP-RP. Arquivos
Dezembro 2024
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